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Esquema tático e antipatia de líderes enfraquecem Ney Franco junto ao elenco do São Paulo

Menon

18/03/2013 16h14

Há uma grande insatisfação no elenco do São Paulo com Ney Franco. A maioria gostaria de ver Ganso ao lado de Jadson no lugar do 4-3-3 que o treinador adora. Não aceitam o esquema adotado e o poder dado ao auxiliar Eder Bastos. Líderes como Rogério Ceni, Lúcio e Fabrício têm queixas do treinador.  A diretoria, para não passar recibo por mais uma demissão, – seria a sexta em três anos – banca Ney Franco. A desclassificação na Libertadores, porém, será a gota d'água e determinará a demissão do treinador.

O grande problema, para os jogadores, é o 4-3-3. Aloísio e Osvaldo não são jogadores que voltem até o meio-campo. Não ajudam no meio-campo, não praticam a recomposição, palavra tão em moda. Com isso, laterais e volantes se sentem inseguros, desguarnecidos e irritados por levarem a culpa por todos os gols. Amigos de Douglas, um lateral que tem no apoio a sua maior força, comentavam ontem os problemas que Rodrigo Caio, considerado um bom marcador, teve contra o Oeste. Segundo eles, é a prova que o esquema ofensivo demais atrapalha a todos na defesa. Seja bom ou mau na marcação.

Com Lucas era diferente. Ele tinha um grande poder ofensivo e, além disso, voltava um pouco, dava uma força, recompunha o meio-campo. Com Aloísio e Osvaldo, isso não acontece. Rogério Ceni já deu entrevistas dizendo que é necessário esquecer Lucas, que é preciso seguir em frente. Em linguagem cifrada, o capitão do time está pedindo um novo esquema tático.

Os jogadores estranham também o poder que tem o auxiliar Eder Bastos. Ele tem autorização de Ney para comandar treinos, inclusive com posicionamento tático e colocação dos atletas na cobrança de escanteios e de bola parada. Não respeitam o auxiliar e, por consequência, o treinador.

A irritação aumentou quando, após o jogo contra o Oeste, Ney Franco "puxou a orelha" dos jogadores dizendo que não aceitaria mais indisciplina. Tratar desses assuntos, em público, é chamado de trairagem entre os jogadores. Gostam de ter atitudes de indisciplina aberta, mas adoram uma repreensão a portas fechadas. O tal "fechar o grupo". Ficam assustados, por exemplo, com o fato de Ney levar Ganso para o banco de reservas e não utilizá-lo. É como se ele estivesse dando um recado do tipo "aqui mando eu". Ao reafirmar sua liderança, Ney Franco perde mais o respeito dos jogadores.

Além desses problemas todos, Ney não conta com a simpatia de Rogério Ceni desde o ano passado, quando, em uma partida,  o goleiro pediu a entrada de Cícero e Ney optou por Willian José. Na entrevista pós-jogo, Ney deixou claro que é ele quem mandava. Ceni assimilou, aceitou o golpe, mas não esqueceu. Ney passou a ser mais um treinador questionado silenciosamente por ele, como já foram Sergio Baresi, Carpegiani e Leão.

Há mais insatisfação. Lúcio deixou claro com gestos e palavras que não gostou de ser substituído contra o Arsenal de Sarandi. Deixou o campo e não ficou no banco e nem no vestiário. Foi direto para o ônibus e depois afirmou que, quando estava em campo, o jogo estava 0 a 0. Fabrício está magoado porque, quando, em sua opinião, estava melhorando e lutando por um lugar no time titular, passou a ser preterido por Rodrigo Caio. Foi cortado do banco no jogo contra o Oeste. Ganso reclamou por haver deixado o campo contra o Palmeiras.

O que segura Ney Franco é a vontade da diretoria de que o clube seja reconhecido como uma entidade que não tem problemas e que resolve tudo de uma maneira silenciosa. Coisa que não é há algum tempo. Em nome de algo que não existe mais, lutam para que não haja uma nova demissão durante o ano. Por isso, Ney pode se segurar até dia 4 de abril, quando jogará sua sorte em La Paz, a mais de 4 mil metros de altitude.  Enfrenta o Strongest e quer provar que não é fraco demais para o São Paulo.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.