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Marco Aurélio Cunha: "Estratégia de Juvenal está falida. Clube precisa de mudança"

Menon

11/05/2013 06h00

A decisão de afastar sete jogadores fez com que Juvenal Juvêncio recebesse críticas muito duras de alguém que já foi seu auxiliar direto até há pouco tempo. É Marco Aurélio Cunha, ex-superintendente de futebol do clube, que se afastou há dois anos e meio. "Eu saí porque sabia o que viria em seguida. Sabia para onde estava caminhando o futebol do São Paulo. Para essa estratégia falida que busca culpar jogadores que nem atuaram na Libertadores e ainda comete o crime de marcar dois garotos da tão badalada Cotia. Juvenal fala em ajustes. Nada disso, o clube precisa de mudanças profundas.

 Abaixo, trechos da entrevista.

O que achou da entrevista de Juvenal após o afastamento dos jogadores? 

Anotei algumas frases para analisar. Ele fala que o clube perdeu o primeiro semestre e que se pode tirar algum ensinamento disso. Ora, o que um presidente que está no oitavo ano de mandato pode aprender? O que alguém que não ouve ninguém pode aprender? Só se a gente acreditar em frases de autoajuda que falam que todo mundo pode melhorar todo dia, mas sabemos que não é assim.

Depois, Juvenal anuncia que os jogadores irão para Cotia durante 15 dias. Ora, isso é maneira que ele arrumou para castigar. Jogadores casados ou com alguma relação familiar, odeiam ficar concentrados por tanto tempo, sem poder ver a família. Ele vai enclausurar todo mundo. Transformou Cotia em Guantánamo.

Juvenal faz outra indelicadeza com um clube brasileiro ao dizer que o Independência é uma arapuca. Ora, a Vila do Pelé não era alçapão? Qual o problema em ser arapuca ou alçapão. Se o time dele caiu em arapuca é porque foi incauto.

E o ato de afastar tanta gente?

Ele falou que há um ano e meio mudou tudo e ficou só o Rogério Ceni. Agora, muda de novo. Esse é o resumo da ópera. Faz coisas erradas e depois vai fazer de novo. É a confissão de uma estratégia falida. O pior foi o que ele fez com o Luiz Eduardo e com o Henrique Miranda, que fazia aniversário. Ele colocou uma marca nesses meninos. Quem vai querer agora ficar com eles? Foi uma traição com os garotos de Cotia.

O São Paulo está contratando mal. Por que?

Os resultados mostram que sim. Antes, ele consultava o Turíbio, o Rosan, o Carlinhos Neves, o Milton Cruz e também a mim. Agora, não fala com ninguém mais. Faz tudo sozinho e o resultado é esse. Traz jogadores contundidos para serem recuperados por um Reffis que foi destruído.

O Mílton não indica mais jogadores?

Há meses não se fala mais nele. Deve ter se afastado para não ser demitido também. Isso é apenas uma percepção que eu tenho, não é uma informação.

Você diz que previa esse caminho para o futebol do clube….

Sim, e tentei avisar o Juvenal há muito tempo. Várias vezes, mas ele não quis ouvir. O resultado é o que se vê agora: na partida decisiva da Libertadores o São Paulo jogou com um zagueiro na lateral direita. Um zagueiro que foi tirado da concentração há pouco tempo porque não confiavam nele. E no segundo tempo de um jogo decisivo colocam um rapaz, o Silvinho, que chegou agora no time. Os companheiros sabem como ele gosta de jogar, como ele pede a bola, onde ele se desloca? Nada disso? Olha, é preciso conhecer futebol para trabalhar com futebol.

Você está falando do Adalberto Batista?

Não vou citar nomes. Mas o que eu digo é que futebol é um aprendizado. Você não pode chegar a um clube grande sem conhecimento. Não pode agir assim, decidindo e demitindo, decidindo e demitindo. Precisa ter sensibilidade. Não falo do Adalberto, mas falo de mim. Estou no futebol desde 1978 passei por nove clubes e sei o que fazer. Todo mundo erra, mas ninguém pode errar tanto assim. Nâo há mais comissão técnica.

Como não há?

Ah, então o cita o nome de alguém além do técnico. Conhece alguém? São Paulo tinha tanta gente que é citada até hoje. Agora, na véspera de um jogo decisivo contra o Atlético, quando perdemos por 2 a 1 em São Paulo, o Ney Franco dá uma entrevista falando de suas pretensões futuras, dizendo que é o herdeiro natural da seleção brasileira. Pode isso?

Você está se lançando como candidato a presidente do São Paulo?

Ainda não. O que eu repito é que o clube não tem mais estratégia para o futebol e que precisa de mudanças profundas. O meu nome está colocado e vou analisar as possibilidades no momento oportuno.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.