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Marquinhos Santos, técnico do líder Coritiba, aponta atraso tático do futebol brasileiro

Menon

13/06/2013 14h07

Marquinhos Santos, 34 anos, técnico do surpreendente – para os outros, não para ele – líder Coritiba, de 11 pontos ganhos em 15 possíveis, lança um desafio a quem gosta de futebol. "Coloque lado a lado duas televisões, uma mostrando um jogo do Brasileiro e outra um jogo da Liga dos Campeões. O enquadramento da primeira vai ter no máximo oito jogadores e o outro vai mostrar 14 no mínimo. Essa é grande diferença entre o futebol brasileiro e o europeu. Estamos atrasados, sem dúvida".

Compactação é a palavra que define o atraso, segundo Marquinhos. "No Brasil, estamos jogando ainda com setores muito distantes uns dos outros. Aqui, o jogo é mais solto, confia-se muito na habilidade técnica individual do jogador para se resolver um jogo. Não pode ser assim. É necessário aumentar o volume de jogo e colocar seis ou sete no campo do adversário quando estiver atacando".

Quando estiver sem a bola, é outra coisa, é outra situação que precisa ser bem treinada. São duas opções que dependem do adversário. "Pode-se marcar no campo do adversário, adiantar as linhas ou então recuamos e marcamos no meio para apostar o contra-ataque. Esse é o ponto em que estamos dando ênfase agora, no Coritiba".

Transição rápida e bom passe são os complementos para a compactação. "Nesse período de Copa de Confederações, vamos treinar muito isso. Não adianta estar bem compactado, conseguir recuperar a bola e a perderem seguida. Porisso, a transição tem de ser rápida e com qualidade".

Marquinhos prefere se basear em conceitos do que em números para definir seu Coritiba. Mesmo assim, não se diz fã do esquema da moda. "O 4-2-3-1 é o esquema predominante no mundo. Nada contra, mas eu prefiro o 4-4-2 porque ele permite mais variações. Pode ser feito com um quadrado ou com um losango, com três volantes ou três meias. E também pode se transformar em um 4-3-3. Dá para mexer bastante sem trocar jogadores."

Como tantos – talvez a totalidade – Marquinhos se entusiasmou com o futebol dos alemães de Munique e de Dortmund, mas considera que é muito cedo para se esquecer do que era tendência há um ano. "O Barcelona não pode ser esquecido. Tem muito o que se aprender com o time que o Guardiola montou. Os passes sempre certos, os setores bem unidos, tudo isso é inesquecível. Dá para aprender também com os alemães, estão jogando com muita velocidade."

Futebol é profissão, mas também é diversão. Marquinhos é um obcecado. Vê no mínimo três jogos por dia. Busca informações constantemente sobre os adversários. "Nosso próximo adversário é o Flamengo. Já temos scouts e vídeos. Pena que o Jorginho saiu, não só porque é um grande técnico, mas também porque eu já tinha informações sobre o modo que ele se comporta quando o time está perdendo ou vencendo. Se você conhece o técnico rival, você pode entender o time muito melhor."

Os 11 pontos conseguidos pelo Coritiba ficaram um pouquinho abaixo de sua previsão. Apostava em 12. E ficará muito feliz se levar o Coritiba à Libertadores-2014. E, se a possibilidade de título vier, melhor ainda. Para isso, conta – e muito – com um jogador que é um ano mais velho do que ele. "O Alex é espetacular. É um referência, um cara humilde que respeita hierarquia. Além de jogar muito, ele entende muito de futebol, assimila tudo o que falo e passa muito bem para os companheiros."

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.