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Ninguém joga como a Espanha. Celeste teve dignidade

Menon

16/06/2013 21h26

Pouco antes de Luis Suárez cobrar de forma magistral aquela falta no final do jogo, @Martinbachs, jornalista uruguaio pedia, pelo twitter, o final do jogo. Não dá mais, dizia. Muitos uruguaios pensavam como ele. O melhor, naquele momento, era torcer pelo final que evitaria um goleada.

Suárez fez o gol. A velha camisa uruguaia começou a jogar sozinha, como em muitos momentos de sua história, mas foi insuficiente. Cinco minutos de suor não poderiam se equivaler a 90 de futebol em sua essência. A Espanha venceu por 2 a 1 em um jogo em que teve 72% de posse de bola. Ninguém joga como a Espanha hoje em dia. Pode até perder, pode existir futebol mais agradável, mais dinâmico, com mais dribles – eu mesmo me entedio um pouco com tanto toc toc espanhol – mas é algo único. É um futebol que rende tributo diário – mais que isso, tributo a cada minuto – à elegância, ao toque, ao domínio. 

A Espanha dá a impressão de ser um toureiro sem nenhuma pressa de matar o touro. Sabe que não corre riscos. Como fez em todo o segundo tempo, dá a impressão de não querer fazer o gol. Para que? A vitória está garantida, então que a bola fique com você. Não, com você. Epa, já não está comingo, olha ela alí, já veio para cá…

Javier Martinez, por pouco tempo, e Busquets na maior parte do jogo, foram os volantes de marcação da Espanha. Que diferença, por exemplo, de Gargano e Peres, que eu admiro muito. Os volantes espanhóis marcam forte e tocam bem. Conseguem sair para o jogo, iniciam ataques. E não jogam juntos. Basta um.  Não há brucutus.

No final do jogo, quando perdia por 2 a 0, Oscar Tabarez, do Uruguai, trocou seus volantes pelos meias Lodeiroe e Forlán. O jogo fluiu muito mais. Será que esse não é um caminho que pode ser imitado por outros times do mundo?

Iniesta foi o grande nome do jogo. Múltiplo jogador, desloca-se por todo o campo, passa e dribla com beleza e eficiência. Aproveitou-se – e muito – da má partida dos volantes uruguaios. Que deixaram Lugano desprotegido, o que é muito triste hoje em dia. O capitão está no fim. 

As estatísticas podem ocultar muitas mentiras. A Espanha chutou 16 vezes e fez dois gols. O Uruguai chutou no maximo quatro e fez um gol. Maior aproveitamento uruguaio. No segundo tempo, o Uruguai ganhou dos campeões do mundo. E a Espanha só ganhou porque Lugano foi infeliz e fez um gol contra.

True lies, como naquele filme do Schwarzenegger. Mentiras enganosas. Verdades mentirosas. A Espanha ganha quando quer e como quer. Ganha do seu jeito, sem abrir mão daquilo que tantos pelo mundo se esqueceram. Que saudades do tempo em que a Espanha se chamava a Fúria e perdia de sete do Brasil.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.