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Zago estuda na Europa e vê brasileiros acomodados

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07/08/2013 14h20

Antonio Carlos Zago, 43 anos, está de volta ao Brasil após um ano de trabalho na Roma. Estudou bastante, fez cursos e está pronto para recomeçar a carreira de treinador, onde não teve ainda tanto sucesso como o conseguido como um dos grandes zagueiros brasileiros, um dos mais injustiçados, pelas poucas chances que teve na Seleção Brasileira. Ele falou ao blog.

Voce fez cursos de treinador na Europa?

Fiz dois cursos, o Uefa B e o Uefa A. O primeiro teve seis semanas de duração, com quatro horas de aula de segunda a sexta. Fiz em Roma. O segundo, fiz em Firenze, foram seis semanas de aula, com oito horas diárias.

E o que esses cursos lhe deram efetivamente?

Com o Uefa B, eu sou habilitado a dirigir clubes na Série C e ser auxiliar na Série B. Com o Uefa A, eu posso dirigir na B e ser auxiliar na A. Para dirigir na série A, preciso ter uma autorização e comprovar que estou fazendo o terceiro curso, que é o Uefa Master, com aulas de outubro a junho, duas vezes por mês.

Esses cursos são mais duros do que os que se fazem no Brasil, como o sindicato de treinadores?

São muito melhores. O curso do sindicato é de uma semana e ninguém precisa dele para ser técnico. Nos cursos que fiz, há aulas de organização de treinos, preparação física, técnica futebolística, métodos de direção, exercícios aeróbicos, anaeróbicos e muita coisa mais.

E a língua, deu para entender bem?

Eu morei por cinco anos em Roma, falo italiano muito bem. Como se fosse português.

Hoje em dia se fala que o Brasil está muito atrasado taticamente, principalmente quando se fala em transição e recomposição. Você concorda?

Faz tempo que está assim. Na Europa, os treinadores exigem muito no dia a dia principalmente nesses dois aspectos. A transição da defesa para o meio campo e do meio campo para o ataque precisa ser rápida e com qualidade. E não se pode mais ficar isolado na frente, é necessário a recomposição. E o interessante é que o jogador brasileiro tem mais capacidade técnica para fazer isso. Basta treinar e muito.

E de quem é a culpa por nosso atraso?

Não é de alguém específico, mas é evidente que o treinador brasileiro, ao atingir um nível alto fica pouco disposto a se reciclar. Não busca novas ideias.

Mas o Brasil massacrou a Espanha no final da Copa das Confederações.

Foi bonito, mas não se pode ter como parâmetro. Nós demos o máximo, lutamos muito e eles estavam em início de temporada, com a cabeça nas férias. Foi uma conquista importante, mas não podemos nos enganar com ela.

O Neymar vai dar certo no Barcelona?

Tenho certeza que sim. Sou fã dele e ele vai crescer muito na Europa.

O que você acha do Marquinhos, que jogou pouco no Corinthians, foi para a Roma e agora está no PSG com uma transferência milionária.

Ele é muito bom. Tirando o Thiago Silva, ele está no nível dos outros jogadores da seleção. Quanto à transação milionária, é bom tomar cuidado na comparação porque PSG, Chelsea e outros times dirigidos por sheiques, pagam 30 em quem vale 15. Torram dinheiro.

Quais são seus planos agora?

Fiquei um ano na Roma, como auxiliar do Zeman, mas chegou outro treinador, o Rudi Garcia e saí. Quero retomar minha carreira de treinador no Brasil. Estou muito preparado.

Você assumiu o Palmeiras muito cedo?

Olha, eu estava fazendo ótimo trabalho no São Caetano e fui chamado para o Palmeiras. Como recusar? Quem recusaria? Tinha de ir  e fui. Talvez tenha pago um preço. Hoje, tenho muito mais bagagem e conhecimento. Me preparei, estudei e vou recomeçar com sucesso.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.