Topo

Menon

Jaílson Macedo e a face autoritária do futebol

Menon

08/09/2013 14h54

O árbitro Jaílson Macedo de Freitas apitou Grêmio 3 x Portuguesa 2 e mostrou para quem quiser ver que o futebol brasileiro ainda vive de braços dados com com a repressão e o autoritarismo. Nem vou falar de seus erros na partida – anulou um gol legítimo do Grêmio e apitou um pênalti inexistente contra a Portuguesa – mas de suas atitudes após a opção pelo pênalti.

Os jogadores da Portuguesa reclamaram duramente. Ele não fez nada, além de dar o amarelo para Rogério, pela falta. Em seguida, quando Kleber estava se preparando para cobrar, Bruninho apontou que a bola estaria fora da marca. Ele não fez um buraco na marca do pênalti, não gritou, não foi acintoso, apenas motrou que a bola estava – nem sei se estava – fora do local determinado. Levou vermelho.

Foi então que os jogadoroes da Portuguesa cercaram Jaílson. O juiz foi defendido bravamente pelo capitão Valdomiro, que ficou à sua frente e enfrentou seus colegas. Jaílson fez um gesto de proteção e a violenta brigada entrou em campo. Vamos lembrar que há alguns anos, um trabalhador foi morto pela brigada em uma manifestação em Porto Alegre, quando a governadora era Yeda Crusius.

A brigada mostrou o mesmo despreparo de sempre, seja para enfrentar uma manifestação ou uma indisciplina em jogo de futebol. Bate no primeiro que vê na frente. E o primeiro era Valdomiro. Por que Valdomiro? Porque ele estava perto de Jaílson, protegendo o árbitro.

Atacado, Valdomiro reagiu. Deu três murros no escudo do brigadiano. E essa reação natural – "caramba, to aqui protegendo o árbitro e levo porrada" – foi punida com o cartão vermelho. Jaílson, cercado por brigadianos, tirou o cartão vermelho e puniu o seu protetor.

É um poltrão. E, se jogador que briga com polícia é expulso, o que deve acontecer com polícia que agride jogador?

Será interessante ver a súmula de Jaílson. Se for verdadeira, será possível ver o gene da subserviência e do autoritarismo.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.