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Menon

Segue o ódio inexplicável a Neymar

Menon

23/03/2014 19h35

Fato 1 – Neymar é o melhor jogador brasileiro. É o melhor jogador da seleção brasileira. É a grande esperança na Copa, principalmente porque o outro atacante é o Fred.

Fato 2 – Neymar joga bem na seleção. Já fez 30 gols. Quase nunca decepciona, faz o que o treinador pede.

Fato 3 – Neymar no Barcelona é inferior. Não rende bem. E, além disso, teve sua imagem muito maculado após a vergonhosa negociação que o tirou do Santos.

Fato 4 – Neymar continua simulando. Um erro fatal que o deixa cada vez mais longe do patamar onde está Messi, por exemplo. Não só por isso, é lógico. Messi é muito mais jogador do que ele.

Então, juntando todos os fato, vejo reações inexplicáveis de brasileiros quando Neymar faz uma partida fraca como essa contra o Real Madrid. Não vejo incentivo a ele. Não vejo lamentação por ele ter jogado mal. Não vejo preocupação com o futuro da seleção.

O que prevalece, pelo menos na maioria das pessoas com que eu convivo, é aquele ar de enfado do "eu já sabia", "eu bem que avisei". Há um prazer imenso em ver Neymar jogando mal. O motivo? Não sei. Vai ver que é porque ele é craque. Se levar uma porrada, então…

E há um fator cultural. Os britânicos odeiam o jogador que pula, que mergulha. E adoram carniceiros como Jack Charlton e Nobby Stiles, por exemplo. Parra os ingleses, simular é falsidade. Bater, esganar, estripar – e esses verbos não contém nenhum exagero quando se trata da dupla de delinquentes de 1966 – é do jogo, é normal. Fez a falta? Cobra.  Para eles, é normal que Morais e Vicente, da zaga portuguesa, tirem Pelé da Copa com porradas seguidas e sincronizadas.

E, como, no futebol, estamos seguindo valores ingleses, com seus hat tricks, wings etc também vale o que a moral do Império determina. Bata, agrida, seja violento, isso é prova de caráter. Não tente enganar, isso é prova de falta de caráter.

O próximo passo é tomarmos chá das cinco. Ah, e ganharmos um copa – uma só – com gol que não houve. Isso pode.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.