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Menon

Felipe e a infinita capacidade de falar bobagens

Menon

14/04/2014 10h47

Quando alguém te lançar um desafio do tipo: "adivinhe qual jogador falou uma besteira após o jogo"? , verifique se Felipe fazia parte da lista. Positivo? Então, pode cravar. As chances de acertar são enormes.

Após o final do jogo contra o Vasco, quando o Flamengo foi favorecido com um gol impedido já nos acréscimos, ele nos brindou novamente com toda sua ironia que de ironia nada tem. "Estava impedido? Melhor, roubado é mais gostoso", disse.

Felipe não se importa com a credibilidade do futebol. Não se importa com a má fama preconceituosa que cerca sua profissão. Não se importa com a violência das gangs organizadas. Como um incendiário psicopata, joga gasolina no incêndio.

Ele não se importa nem com seu passado. Ao falar isso, Felipe deixa aberto a maldosos de plantão que busquem na memória dois episódios em que sua conduta profissional e sua honestidade foram postas, sem nenhuma prova, em dúvida. A primeira, quando foi escorraçado do Vitória por um dirigente imbecil – nem vou procurar o nome no google, não merece – que o chamou de vendido, além de insultos raciais. A segunda, em 2009, quando,  no Corinthians, se recusou a pular em um pênalti cobrado por Leo Moura, do Flamengo. A derrota prejudicaria o São Paulo.

Felipe não se importa com nada. Quando ele falhar em um próximo jogo – e ele falha com certa assiduidade – muita gente vai dizer: "Felipe é aquele que saiu corrido do Vitória, que não pulou no pênalti do Leo Moura, que gosta de ganhar roubado".

Ele escolheu esse caminho. Acho até que não é por mal. Falta um entendimento da importância que tem o futebol. E falta discernimento. Eu me lembro de quando queria sair do Corinthians. Estava na televisão dizendo que era hora de sair, que era incompreendido etc. Andrés Sanches entrou no ar e disse que, se quisesse sair, era só devolver o adiantamento de R$ 700 mil que havia recebido.

Felipe, com cara de choro, respondeu. "É sempre assim, sempre arrebenta para o lado mais fraco, mas tudo bem, se você quiser, eu devolvo".

Me pareceu sincero. Realmente, ele não tinha cérebro suficiente para entender que havia recebido luvas para defender o clube por dois ou três anos. Se queria sair, precisava devolver.

Felipe será lembrado como aquele goleiro de pulos espetaculares, de ótimas defesas quando a bola vinha em sua direção e de algumas falhas quando era necessário mais colocação do que acrobacia. E como alguém que tinha uma boca enorme. Isso, pelos amigos. Os outros dirão que era alguém que não pulava em pênalti e que gostava de ganhar roubados. Dirão assim. "não tenho provas, mas ele saiu do Vitória acusado de vender jogo".

Felipe é assim. E tem gente que reclama do Rogério Ceni.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.