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Deserção leva dúvida aos Domadores de Cuba

Menon

15/04/2014 15h20

 O boxeador Marcos Forestal, campeão cubano dos 56 quilos, abandonou os Domadores de Cuba – como é chamada a equipe – no dia 12 de abril, poucas horas antes do encontro contra os EUA, em Salem, no estado de New Hampshire. O duelo foi válido pelas quartas-de-final da World Series Boxing (WSB) um campeonato parecido com a Liga Mundial de Vôlei. Forestal abandonou os companheiros quando estava em um shopping. Voou para Portland, onde vive sua irmã.

Mesmo sem ele, Cuba  venceu por 3 a 2 e garantiu sua classificação para a semifinal, pois havia feito 5 a 0 no primeiro duelo, em Havana, uma semana antes. Agora, enfrentará a Rússia. A deserção serviu, porém, para colocar mais dúvidas sobre a possibilidade de os cubanos manterem uma equipe competitiva de boxe, esporte que sempre foi responsável por grande parte das medalhas olímpicas conquistadas pela Ilha.

Forestal, como tantos outros cubanos, foi buscar espaço no boxe profissional. Vai ganhar bolsas milionárias, o que seduz muito mais do que a possibilidade de ganhar uma medalha de ouro. Ouro por ouro, não há dúvida de onde se ganha mais.

O êxodo é constante. Para a Olimpíada de 2008, na China, Cuba perdeu Guillermo Rigondeaux (ouro em 2000 e 2004) Odlaniel Solis, Yan Barthelemi e Yoriorkis Gamboa (ouro em 2004) e Erislandy Lara, campeão do mundo.

O resultado? Pela primeira vez, Cuba ficou sem medalhas de ouro.

Como há muitos boxeadores, a equipe foi recomposta. Ganhou duas medalhas de ouro no Mundial-11, mais duas na Olimpíada-12 e outras duas no Mundial-13.

Os bons resultados fizeram com que Cuba aceitasse participara da quarta edição do WSB. Foi um sucesso. Na primeira fase, ficou em primeiro lugar no seu grupo, com nove vitórias e uma derrota. Os países se enfrentam duas vezes, uma em cada sede. Cada encontro reúne cinco categorias diferentes. Os cubanos, somando a primeira fase e as quartas-de-final, estão com 49 vitórias e 11 derrotas.

Tudo parecia muito bem, mas começaram a aparecer as punições por ''mau comportamento e faltas excessivas nos treinamentos", como a federação cubana justifica. Para muita gente, é como se afasta pugilistas considerados como possíveis desertores.

É o caso de Forestal. Em 2011, ele foi suspenso por dois anos. Perdeu espaço para Lázaro Álvares, que foi bronze em Londres.  Depois da Olimpíada, Álvares subiu para os 60 quilos e os 56 passaram a ter Robeisis Ramires, que foi medalha de ouro nos 52 quilos, em Londres. Ele é considerado lutador para ganhar mais duas medalhas de ouro. Seria um tetracampeão olímpico, porque também ganhou a Olimpíada da Juventude.

Então, Forestal voltou. Derrotou Robeisis no campeonato cubano de 2014. E foi escolhido como reserva na WSB. Ganhou o direito de disputar quando Robeisis foi afastado por "mau comportamento e faltas excessivas nos treinamentos". O de sempre. Agora, com a deserção de Forestal, a federação cubana perdoou a suspensão de Ramires. Ele está escalado para as semifinais, contra a Rússia. O motivo do perdão? Ele treinou muito, se dedicou e a suspensão que ira até maio acabou.

Outros dois casos de indisciplina abateram o time cubano.

Julio Cesar de la Cruz, bicampeão mundial – Antes de ser afastado, ele havia levado um tiro em uma noitada. Sua recuperação foi acompanhada em suspense na Ilha, onde é herói. Recuperou-se, voltou a lutar. Ganhou uma, perdeu outra e foi afastado.

Roniel Iglesias, campeão olímpico em 2012 – Cumpriu pena por seis messes no início do ano e voltou à equipe na terceira rodada da WSB. Está invicto, com três vitórias. No período em que ficou afastado, foi substituído por Arinoides Despaigne, que ficou em segundo lugar no Mundial do início do ano e também está invicto na WSB. .

Sempre haverá um time forte de Cuba nas grandes competições. Em 2016, também. Mas, há grande possibilidade de não ser os que estão brilhando hoje, a apenas dois anos.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.