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Palmeiras e Cuba: as mesmas dificuldades

Menon

23/04/2014 10h33

O Palmeiras e Cuba têm uma dificuldade semelhante para manter seus principais atletas. Dinheiro, é lógico. As soluções tentadas – em Havana, com "abertura" e na rua Turiassu, com "fechadura" – não foram suficientes para evitar um certo êxodo, muito maior na maior ilha do Caribe do que no grande clube brasileiro.

No Palmeiras, o presidente Paulo Nobre é um inovador. Primeiramente, resolveu enfrentar as torcidas organizadas. Mostrou pulso firme, não cedeu às chantagens e consegue, no mínimo, trabalhar em um sistema mais arejado.

Criou também o sistema de produtividade: jogadores e treinador recebem um salário fixo, que é acrescido quando metas pré-determinadas são alcançadas. No frigir dos ovos – essa é nova, hein?- o salário fica igual. Quer dizer, para ganhar os milhões desejados é preciso ganhar títulos também.

É correto? Não sei.  Mas pelo que vejo com muitos palmeirenses, é o certo a fazer. Ou melhor, é o único a fazer. Esse modo de gestão sofre com a concorrência. Por que o jogador vai ficar no clube se pode ganhar o que queria em outro lugar sem a necessidade de comprovar resultados? Grosso modo, seria assim. A oferta do Palmeiras é de R$ 200 mil mensais, que podem chegar a R$ 400 mil em caso de as metas serem alcançadas. Em outros clubes, é de R$ 400 mil sem meta alguma. Muita gente prefere sair até por R$ 300 mil em vez de R$ 400 mil. São números fictícios, que fique claro.

Márcio Araújo saiu. Wesley não aceita a cláusula. É difícil concorrer contra clubes que estão em melhor situação financeira. E com outros que se recusam a colocar os pés no chão.

E Cuba, que tem a ver com isso? Boxeadores e jogadores de vôlei comandam uma diáspora enorme de atletas que buscam dinheiro – muito mais dinheiro – em outras paragens. O governo cubano resolveu agir e aumentou – e muito para os padrões da Ilha – os vencimentos dos atletas. Aqueles considerados de alto rendimento ganham um fixo e também por lá há a cláusula de produtividade, medida em medalhas de ouro, prata e bronze em Olimpíadas, Mundiais, Pan-americanos etc.

Foi permitido também que atletas disputem competições internacionais em ligas de outros países e voltem a ser convocados pelas seleções cubanas. Frederich Cepeda, um dos craques do beisebol vai atuar no Japão. Há uma expectativa enorme pela volta das "Espetaculares Morenas do Caribe" tricampeãs olímpicas de vôlei.

Mas, por mais que se faça é impossível competir. Marcos Forestal, um dos azes do boxe amador juntou-se no mês passado a muitos outros cubanos que lutam nos EUA. Leia aqui: http://blogdomenon.blogosfera.uol.com.br/2014/04/15/desercao-leva-duvida-aos-domadores-de-cuba/

Wilfredo León, o garoto de ouro do vôlei não esperou pela regulamentação das novas medidas. E nem parece disposto a pagar uma taxa requerida pelas confederações cubanas para permitir a saída dos jogadores. Deixou o país, vai cumprir um período de punição e passará a ganhar em torno de US$ 2 milhões por ano na Itália.

Por fim, há uma pequena semelhança a mais entre Cuba e Palmeiras: para mim, é mais fácil conseguir uma exclusiva com Raúl Castro do que com Paulo Nobre.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.