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Lugano: "Agradeço a Del Bosque por tirar Diego Costa do Brasil"

Menon

30/04/2014 09h20

A revista El Grafico, de abril, traz uma entrevista com Diego Lugano, capitão da seleção uruguaia. Ele é tratado como "Rubio Jefe" (Chefe loiro) uma comparação com Obdulio Varela, capitão de 1950, que era chamado de "Negro Jefe". A matéria é muito boa e mostra um jogador apaixonado pela camisa que veste e tenta honrar a cada partida. Abaixo, um resumo.

FAVORITO – Ele cita Alemanha e Espanha, pelo conjunto, e o Brasil, por ser o país sede. Agradece a Del Bosque por haver convocado Diego Costa. "É a peça que faltava para que a engrenagem do Brasil fosse perfeita". Diz que Argentina e Portugal podem ganhar, se Messi e Cristiano Ronaldo estiverem bem e dá um recado. "Apostem algumas fichinhas no Uruguai".

CELESTE – Em 2004, em seu segundo jogo pela seleção, o time empatava, ao final do primeiro tempo por 0 a 0 com o Paraguai. Péssimo resultado porque o Uruguai estava mal na Eliminatória. Desanimado, chegou ao vestiário, sentou-se em um banco, tirou a camisa e a colocou no chão. Estava ao lado de Paolo Montero, que era o capitão, e Dario Rodriguez, um referente da seleção. Não houve nenhuma palavra, mas os olhares foram muito duros. Lugano entendeu. A Celeste, mesmo quando o time está mal, precisa estar no alto, nunca no chão. Mudo, pegou a camisa e a colocou em um armário. Oito jogos depois, assumiu o posto de capitão.

CAPITÃO – Lugano é obcecado por Obdúlio. Lê todos os livros e vê todos os vídeos que pode. Em 2012, a Celeste voltava a uma Olimpíada após 84 anos. A Olimpíada é muito importante para os uruguaios, pois foram os títulos de 1924 e 1928 que começaram a pavimentar o caminho glorioso de seu futebol.

Tabarez, o treinador tinha direito a chamar três jogadores acima de 23 anos e Lugano, que estava sem jogar no PSG, era um deles. Não reclamou, não tirou férias. Pediu permissão ao PSG e foi a Londres acompanhar a Olimpíada e incentivar os companheiros.

AL PACINO – Diego Borinski, o repórter, falou a Lugano sobre a recuperação uruguaia nas últimas eliminatórias, quando a vaga parecia muito distante. Perguntou sobre  um vídeo motivacional que Lugano teria passado antes do jogo decisivo, contra a Argentina, que mostra Al Pacino, no papel de um treinador de futebol americano no filme Um domingo qualquer, dando uma preleção no jogo final.

Lugano diz que o vídeo foi apenas a parte final de todo um processo. "Havíamos perdido para o Chile e era preciso vencer quatro dos últimos cinco jogos para conseguirmos a repescagem. Havia dois meses de folga antes do primeiro jogo. Criamos um grupo na internet e nos comunicávamos diariamente, cada um em seu lugar no mundo. Se alguém se machucava, todos apoiavam. Criamos uma identidade ainda maior. E conseguimos a vaga. Foi um feito que nem o melhor Brasil, a melhor Argentina, a melhor Espanha ou a melhor Alemanha conseguiria. Esse compromisso com a camiseta e com o povo só os uruguaios têm. Não poderíamos jogar fora tudo o que havia sido conquistado em 2010".

PAI PATRÃO – Em 2006, o Uruguai foi eliminado na repescagem, contra a Austrália. Tristes com o fracasso, os jogadores enfrentaram uma viagem de 20 horas até Montevidéu. O pai de Diego Lugano o esperava para levá-lo até Canelones, onde vive a família, a 80 quilômetros de Montevidéu.

Já no carro, Lugano ouviu o pai falar. "Antes de ir para casa, vamos passear por Montevidéu, para você ver como conseguriam deixar o povo uruguaio triste". Lugano viu, pelo carro, pessoas de cabeça baixa, desanimadas e tristes. Quatro anos depois, após o quarto lugar na Alemanha, fez o mesmo trajeto. "Montevidéu tem 1,5 milhão de habitantes e havia 800 mil nas ruas aplaudindo a gente".

MARACANAZO – Lugano nem quer ouvir falar sobre o assunto. "Aquela conquista nunca se repetirá. As condições de 1950 eram terríveis: o Uruguai só teve um treinador 15 dias antes do embarque para o Brasil, os jogadores haviam saído de uma greve e os dirigentes, com medo de uma goleada, haviam retornado a Montevidéu. E o Brasil só precisava de um empate. Então, nunca será igual". Mas, e se o título vier? "Bem, nesse caso, eu abandono a carreira dentro do Maracanã. O que mais eu poderia esperar da vida?"

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.