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Menon

#118 É hora da faxina. 8 de julho ficará na história como o dia da infâmia

Menon

09/07/2014 10h30

Bem, vamos começar do começo. Eu errei quando disse que seria um jogo sem favoritos. Tamanha superioridade tática, técnica e emocional teria de ser percebida por mim. Foi o jogo de uma seleção contra um catado.

Eu acertei quando disse que o Brasil não era franco atirador. Franco atirador é quem chega a um jogo decisivo sem nenhuma responsabilidade por conta de seu passado. Não é o caso. Passado o Brasil tem. O presente é que foi massacrado no Mineirão. O futuro é algo a ser pensado rapidamente. Porque no passado brasileiro agora há a maior derrota de todos os tempos.

Os 5 a 0 do primeiro tempo só não foram 8 ou nove porque os alemães tiraram o pé.

Em dos posts prévios ao jogo, disse que, como sou retranqueiro, jogaria com Luis Gustavo, Fernandinho e Paulinho, três volantes para segurar os tres meias alemães. E apostaria em velocidade no contra-ataque. Quando relembro o que escrevi não é para dizer que eu sou um grande tático, um grande entendor de futebol. Não sou. Apenas estou repetindo porque o jogo me deu razão. Era óbvio.

O Brasil era um time muito aberto, dando espaços para os alemães. E muito nervoso. Logo no começo, Marcelo quase brigou com Boateng. E depois que sofreu primeiro gol, o time mostrou uma fragilidade psicológica terrível. Desmontou como um palácio de cartas montado diante de uma janela aberta.

Não é caso para Regina Brandão. É para um colegiado formado por Freud, Lacan e Jung.

E aí, eu posso falar. Antes do jogo contra a Colômbia eu fiz um post em que dizia que era apenas futebol. Só futebol. Nada mais que futebol. É preciso jogar com alegria. É preciso jogar futebol como os moleques de rua jogam, como os caiçaras jogam.

Essa história do hino à capela, de David Luiz beijar a camisa de Neymat na hora do hino e tantos outros exemplos. Felipão, Parreira – o que faz Parreira ainda no futebol? – e outros criaram uma pressão enorme sobre um grupo de jogadores jovens. Um time que tem apenas um craque. Craque machucado.

É preciso mudar urgentemente. É preciso técnicos de categorias de base que criem meias e laterais. É preciso um treinador com ideias novas. Olha, pode até ser um estrangeiro. É preciso uma seleção brasileira que tenha variações táticas.

Olha, não adianta falar muito. Por dois motivos. 1) Eu não falei antes. Então, é fácil ser engenheiro de obra pronta, dizer o que é depois que já foi. Me parece um pouco desonesto intelectualmente. 2) Não se deve chutar cachorro morto. E isso é a seleção de Felipão nesse maldito 8 de julho de 2014.

O povo brasileiro, que fez a Copa das Copas, que elevou o nome do Brasil, que criou um novo patamar para as Copas, não merecia um time tão ruim e destreinado. Paro por aqui. A Alemanha acaba de fazer 7 a 0. O Brasil tem 10 gols marcados. E 11 sofridos.

Ah, outra coisa. Nunca antes na minha vida usei o termo faxina para renovação. Uso hoje.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.