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#119 Brasil precisa resgatar sua identidade. Guardiola já

Menon

09/07/2014 23h05

Amigos, eu estou recolhendo os cacos. Converso com muita gente, brasileiro ou estrangeiro, para entender os 7 a 1. Há visões diferentes, mas o consenso é que, como disse muito bem o Rodrigo Mattos, o futebol brasileiro foi parar no museu. Mas o que levou a isso? Por que em uma semifinal de Copa o Brasil perdeu como se estivesse jogando uma pelada de fim de ano da firma.

Há alguns pontos que devem ser lembrados.

  1. O Brasil lidera o ranking de faltas da Copa. E lidera o ranking de simulação de faltas. Ou seja é uma seleção que aposta – mesmo sem violência – em destruir o jogo adversário e não em construir o seu jogo. E a simulação mostra falta de vontade de jogar, mostra apenas vontade de enganar. Aqui, faço uma mea culpa. Sempre considerei válido simular faltas para enganar zagueiro violento. Estou erradíssimo. A solução do Brasil passa por ter mais dignidade em campo.
  2. O ataque brasileiro era formado por um jogador do Zenit, um do Fluminense e um reserva do Shakhtar. E existe atacante muito melhor que Fred? São detalhes que mostram a fragilidade técnica de muitos jogadores da seleção. Muitos. Luís Fabiano é melhor que Fred? Sim, mas já está machucando novamente. E já tivemos Ronaldo, Romário e Careca.
  3. Há um consenso que o Brasil deveria jogar com tres volantes, para tirar o espaço da Alemanha e jogar em contra –ataque. Pode ser certo, mas o que siginifica isso? Por que em uma Copa em casa, com apoio de tanta gente, a melhor solução é jogar na retranca. Está tudo errado.
  4. Treinador obsoleto – Felipão ganha mais de R$ 1 mil por hora para treinar a seleção. E gasta muito tempo com rezas e bobagens emocionais. Não havia opções táticas, o time jogava sempre do mesmo jeito, com bola esticada para Neymar. E que opçoes ele poderia utilizar. Vamos pensar em duas, surgidas em conversas com amigos.
  5. 4-1-2-3 Sergio Lewinski, um amigo argentino que já cobriu oito copas, lembrou um Barcelona, que na opinão dele, foi ótimo. "Jogava com quatro atrás e depois um dois tres. Busquets na contenção, Xavi e Iniesta na armação e Messi, Etoo e Ronaldinho na frente." Então, pensando nos jogadores convocados, imaginei Luis Gustavo na contenção, Hernanes e Oscar na armação e Neymar, Fred e Hulk no ataque. Ou então, Paulinho, Hernanes e Marcelo (acho que poderia ir bem nessa posição), Oscar, Neymar e Fred.
  6. Time mais leve Sdolari sempre manteve um centroavante. Nunca permitiu que jogadores mais leves se unissem em campo, apostando mais na velocidade e no toque de bola.

São algumas considerações que reuni com amigos. Elas mostram a pobreza e as dificuldades. Acho que, mesmo com todas essas opções, o Brasil perderia o jogo.

Qual é a solução?

O Brasil deve resgatar sua identidade. Não estou falando em esquema, mas sim em conceito futebolístico. Deve voltar a assumir suas qualidades: criatividade e poder de criar jogo, de "gerar" futebol.

Por que Oscar não pode jogar ao lado de Neymar? Por que ele, que sempre foi habilidoso no São Paulo e no Inter, precisa jogar como terceiro volante com Scolari? O Brasil não pode abrir mão de ser o dono do jogo, de propor o jogo, de driblar e passar bem.

Vejamos a Alemanha. Não joga no nosso estilo antigo, não dribla, mas não abre mão de propor o jogo. De praticar o conceito do jogo bonito. Tem bons passes, tem velocidade vertica, tem bons finalizadores. Não faz tantas faltas. Não simula. Joga bola.

E como resgatar sua identidade? É preciso ter bons treinadores. Precisa de gente que entenda e goste de futebol e não fique falando platitudes como "o time não encaixou" etc e tal.

É preciso mudar a base. Por que o Brasil não tem um DEZ e a Colombia tem. A França tem. A Costa Rica tem.

Eu apostaria em um treinador estrangeiro. Mas como disse o Juca Kfouri precisaria ser alguém de muita força e grande currículo para evitar todo tipo de boicote. Sampaoli? É argentino e futebol não é basquete. Seria crucificado no primeiro erro.

Guardiola já. Quem paga R$ 800 mil para Felipão pode pagar muito mais por alguém que é muito melhor.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.