Muricy, em transição, parece ter achado um ponto de equilíbrio no Sul
Difícil analisar a carreira de um profissional ainda na ativa. Os clichês podem ficar superados à medida que ele começa a mudar seus conceitos. Muricy, por exemplo. Desde que voltou ao São Paulo, tem tentado ser um treinador diferente do que foi no período vitorioso do tricampeonato. Muricy abandonou o Muricybol. Lembram-se? Time com três zagueiros ou com um zagueiro na lateral. Volantes marcadores. Jorge Vagner rei da bola parada. Hugo, bom cabeceador. "Quer espetáculo, vai no Teatro Municipal", disse o técnico.
Quando chegou, disse que não dava mais para jogar com três zagueiros porque todo mundo estava atuando com três meias. E repetiu várias vezes que os volantes precisam jogar mais, tocar a bola, aparecer para o jogo.
Tentou montar o time em cima desses conceitos. Houve eliminações vergonhosas, contra Ponte, Penapolense e Bragantino, ainda na semana passada, mas o treinador tem apostado no toque, apesar de haver deixado Pato no banco de Ademílson.
São erros, é lógico, mas agora parece ter acertado. Apostou em quatro jogadores habilidosos. E, nessa transição do Muricybol para o Muricytoque, não conseguiu montar o sistema defensivo. Atacava e perdia.
Contra o Inter, enfim, conseguiu o equilíbrio. Ganso e Kaká marcaram muito. Pato e Kardec ajudaram. Houve recomposição. E, atrás, Hudson e Denílson fizeram uma grande partida. Marcaram muito, atrás e depois na frente. E mostraram uma boa saída de bola. Hudson foi o melhor. Marcou mais. Roubou mais bolas. Pode formar uma ótima dupla com Souza. Ou mesmo com Denílson.
Nada garante que o time manterá o suor derramado ontem. Pode ser que aquela inércia vergonhosa volte. E ela é culpa também de Muricy. Mas foi a terceira vitória seguida, duas delas fora de casa.
O ajuste fino parece ter chegado. O equilíbrio está aí. Se for mantido, o time pode sonhar com uma boa posição, embora o Cruzeiro esteja aí assombrando todos os times adversários.
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