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Ilídio Lico: "dormi milionário e acordei miserável". E a Lusa agoniza

Menon

21/10/2014 21h57

Liguei para o presidente Ilídio Lico para conversar sobre a greve de funcionários da Portuguesa. Senti que estava falando com um homem desesperado, um homem perdido, um homem isolado.

Alo

Alo, seu Ilídio?

Quem quer falar?

Luís Augusto, repórter do UOL?

Olha, aqui é o Ilídio, mas não tenho nada para falar, é tanto problema, é tanta situação ruim. O que você quer ouvir de mim?

São muitos problemas mesmo, não é? Como o senhor convive com eles?

Olha, eu faço o que posso. Eu dormi milionário e acordei pobre, miserável. A Portuguesa lutou no campo e ficou na Série A. As cotas da teve e de patrocínio iam me dar R$ 30 milhões. Aí, o time caiu fora de campo e fiquei com R$ 2.7 milhões.

E as dívidas?

Ficaram do mesmo tamanho. A cota diminui mas a dívida continua. Não recebi nada de bom, nada. São mais de 100 processos que tenho de enfrentar. Mas renunciar eu não vou. Não vou mesmo?

A Portuguesa vai acabar?

Não diga isso, a gente vai chegar no centenário daqui a seis anos melhor do que agora. Algum jeito vai ter.

E essa greve?

O que eu posso falar. Não tem cota para receber, não tem verba para receber, não tem aluguel do ginásio para receber. Não tem dinheiro. Atrasou 15 dias. Eu fui lá e conversei com o pessoal. Falei com sinceridade que não tenho. Não tenho nada. Acho que uns vão continuar a trabalhar, acho que outros vão continuar parados.

Alguma solução?

Vou tentar arrumar dinheiro com os conselheiros, arrumar algum para dar aos funcionários.

O Benazzi saiu para economizar dinheiro?

Sim, vamos ficar com o treinador da base até o final, quem sabe acontece algo de bom.  Depois, vou arrumar um bom técnico para o Paulista.

Vai jogar o Paulista com garotos da base?

De jeito nenhum. O Paulista é um campeonato importante para nós. Espero que a gente possa enfrentar os quatro grandes, conseguir boa renda no campo deles ou no Canindé. Tomara que tenha muitos clássicos. Aposto no Paulista.

Quem fez a trapalhada no caso Heverton, que acabou derrubando a Lusa?

Não sei, ainda estamos investigando.

O senhor ainda vê futuro para a Lusa esse ano e nos próximos?

Sim, eu tinha projetos, tinha sonhos e boas ideias. E estou convivendo com pesadelo, mas as coisas vão melhora.

Algumas horas depois, a Portuguesa perdeu para o Paraná, por 1 a 0. E a 12ª partida sem vitórias. Em 31 jogos, foram três vitórias.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.