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Menon

Sua Majestade Primeira e Única, Sua Senhoria, o Árbitro

Menon

16/11/2014 20h58

O futebol brasileiro dá uma importância à arbitragem. Muitas vezes, ele é encarado como o ator mais importante entre os 23 que estão em campo. Reina absoluto, com chiliques e seus cartões. E todos se submetem a ele.

Esse clássico São Paulo x Palmeiras, por exemplo. O Palmeiras jogou sem nenhuma armação. Era um vazio de inteligência no meio do campo. Então, Luís Fabiano faz um belo gol. Sai comemorando. E Dorival Jr. pressiona o árbitro para dar cartão amarelo ao artilheiro por haver, segundo seu entendimento, tirado a camisa. Não havia nada mais importante para fazer? Chamar um meia, chamar um volante, tentar arrumar o time?

Não, nada disso. Envolveu-se em uma discussão sobre o tamanho do strip-tease de Luís Fabiano. Tirou tudo, tirou metade, foi só uma manga? E depois, nos programas de televisão e de rádio, isso vai ser muito mais discutido e falado do que tática e técnica dos jogadores. Especialistas são pagos para definir se mereceria ou não o amarelo.

Dorival não deveria ter reclamado. Mas, reclamou e daí? O assunto não pode morrer assim? Não para o árbitro, que ameaça e fala alto. Mais tarde, vem a vingança. O treinador mostra o relógio para seu jogador, o Mestre Supremo acha que é com ele. E expulsa o treinador, afinal ele teve a ousadia de enfrenta-lo duas vezes em 90 minutos.

Depois, vai o Ganso até Muricy e denuncia que o árbitro o está ameaçando de cartão amarelo? Uai, ia ameaçar de quê? De bater na rua, de xingar, de mostrar a língua? Imagino que tenha sido assim: "se continuar fazendo isso (não sei o que é isso) vou te dar amarelo". Qual o problema. Na verdade, Ganso está sendo privilegiado com o aviso. Árbitro tem de trabalhar e não avisar.

Parece que tudo gira em torno do homem do apito. E é uma gritaria o jogo todo. Kardec demorou para deixar o campo e leva amarelo. Precisa mesmo? Precisa mostrar essa autoridade exacerbada? Me enfrentou? Amarelo? Me enfrentou duas vezes? Vermelho.

Jogador deveria jogar como se não tivesse árbitro em campo. Faz o seu e pronto. E o juiz deveria aprender em sua primeira aula na academia ou sei lá onde que os 22 rapazes uniformizados são mais importantes do que ele. Que o povo sai de casa, pega carro, paga flanelinha para ver os caras jogando futebol.

Mas, se explicassem essa lição tão banal aos árbitros, talvez muitos deles desistissem da profissão.

Como escolher uma profissão em que ninguém é pago para te analisar? É muito frustrante, não é?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.