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PVC na Fox é lição de profissionalismo para torcedores radicais de poltrona

Menon

09/12/2014 09h33

Televisão constrói ídolos. Na música, no esporte, na cultura e até onde não deveria: no jornalismo. Aliás, o rádio já fazia isso. Eu me lembro de discussões de meu pai sobre Mário Moraes e Mauro Pinheiro. Os dois comentaristas dividiam opiniões nos anos 60 e 70. Mauro era comedido, sempre citava números e era chamado de Senador Mário era polêmico, fazia afirmações duras e sempre buscava o confronto. Era a Fera. Meu pai era do Senador.

Nunca ouvi críticas à honestidade de um ou de outro. As divergências eram em questão de estilo.

Atualmente, as divergências são mais explosivas. Há uma grande parte de pessoas que assume uma posição radicalíssima quando se discute equipes esportivas de televisão. São os fãs de esporte. Para eles, a ESPN é a única equipe a ter comentaristas e narradores honestos. Ela é um bastião de moralidade, ela é depositária de todas as virtudes do mundo. Mesmo que um comentarista discorde de outro, é perdoado, afinal são dois da ESPN.

Ídolos de torcedores de poltrona, os jornalistas da ESPN são tratados como cruzados que devem restabelecer a verdade e a honestidade no futebol. Mais do que profissionais, são apóstolos do tempo que deve vir.

Ao fã do esporte, não basta idolatrar seu ídolo. É preciso atacar os outros, é preciso deixar claro que ninguém presta.  E são guardiães também de um estilo. Vejo muita gente brava agora porque alguns programas da ESPN tem muita conversa, parece a TV Gazeta.

E então, o Esporte Interativo ganhar a Liga dos Campeões. Outros eventos deixam a emissora. E, através do @mauriciostycer vem a dura notícia de que Paulo Vinícius Coelho, o nome mais forte da ESPN está trocando a emissora pela Fox.

O mundo caiu. E não deveria. O mundo continua rodando. Paulo Vinícius vai continuar sendo honesto e brilhante na Fox. Vai citar números, vai dar informações exclusivas e vai comentar jogos com a mesma capacidade e excelência. A diferença é que fará jogos mais importantes. Por que ele mudaria? Por que seria diferente do que foi na Placar, na Folha e no Estadão?

A saída de PVC é uma lição para os fãs de esporte: no jornalismo, como em tudo na vida, existe patrão e existe empregado. Se um empregado acha que não está sendo valorizado ou não está podendo expor suas ideias, ele pede demissão. Se o patrão não está gostando do que ou do modo como seu empregado se expressa, demite. Quem paga, demite. Quem recebe, pede demissão. Simples, não é? Não existe heroísmo.

A Fox ganha com o PVC. Ele vai trabalhar com muita gente que considero ótima e muita gente que eu não gosto. Que pode ser exatamente o contrário de quem está lendo. O que eu gosto pode te irritar. O que eu não gosto, pode te deleitar. Ninguém é perfeito.

A ESPN continua com tanta gente ótima. Paulo Calçade, com quem trabalhei em uma equipe muito boa que também tinha Maurício Noriega, Marcelo Laguna e Nelson Nunes, entre muitos outros. Mauro Cézar Pereira, Bertozzi, Paulo Soares e o meu favorito, Antero Greco. Todos são ótimos e honestos. Todos eram honestos antes e serão depois, onde estiverem trabalhando.

Apesar do fanatismo do fã de esporte, Ele vai continuar acreditando que o mundo começou quando, sentado na poltrona de casa, entre um suquinho de laranja e outro, trocou pela primeira vez, o canal de desenhos pelo de esportes.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.