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Menon

Uma tristeza e quatro grandes micos de 2014

Menon

15/12/2014 15h59

1) PELÉ NÃO É ETERNO. É SIM.

Descobrir que Pelé não é eterno foi um baque. De repente, uma internação, a volta para casa, novamente o hospital, o perigo de uma infecção e o Rei vai para a UTI? Como assim, UTI? Só por que tem 74 anos, o maior jogador do mundo, o maior artilheiro do mundo, o maior conquistador – de títulos – do mundo, o atleta do século pode ir para o hospital. Que tristeza saber que não teremos Pelé para sempre, que choque de realidade saber que pessoas foram mobilizadas para fazer aquela matéria que nunca gostaria de ver publicada. Foi assim comigo e Telê Santana.

Pelé é, para mim, um dos cinco maiores brasileiros de todos os tempos. Seus gols fazem com que o Brasil seja conhecido de uma maneira boa. É uma identidade que dá orgulho poder dizer eu sou do país de Pelé. Ao contrário de seu amigo Edson, Pelé é uma figura exemplar na luta contra o racismo. Sem abrir a boca. Imaginem como um gol de Pelé aumenta a autoestima de um garoto de Ruanda ou do Burundi, de Paraisópolis ou do Brooklin.

Mesmo que a finitude da vida alcance Pelé, ele será eterno. Seu nome ultrapassará milênios. Isso eu já sabia, o choque foi ser avisado que um dia o nome será lembrado sem a figura mítica, entende?

2) 7 A 1 NÃO SERÁ ESQUECIDO

A Comissão da Verdade publicou seu relatório final com a lista de torturadores. A partir de agora, é possível saber o nome de quem conspurcou a imagem do Exército Brasileiro. De quem matou, de quem deu choque no seio, de quem estuprou, de quem ameaçou colocar um rato na vagina de uma mulher, de quem arrancou a unha, de quem deu choque no pênis de alguém.

Não serão esquecidos.

Luis Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira também não. Não adianta falar em apagão. Não adianta dizer que, seis meses depois, a torcida já esqueceu. Quem gosta de futebol, quem venera o futebol brasileiro – o mais glorioso e mais vencedor de todos – não vai ajudar a esquecer. O 7 a 1 contra a Alemanha precisa ser lembrado sempre.

3) ARROGÂNCIA E VEXAME NA AMÉRICA

Os clubes brasileiros adoram posar de superiores em relação à América do Sul. Reclamam de campos, reclamam de papel picado, reclamam de festa, reclamam de altitude. Como são mais ricos se sentem superiores.

E o que fizeram em 2014? Flamengo, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR e Grêmio foram mal na Libertadores. São Paulo, Inter e outros foram mal na Sul-americana. San Lorenzo e River Plate venceram. Um vexame canarinho. Ficamos longe do título, mas, pelo menos não matamos nenhum garoto de 14 anos.

4) CARTOLAS QUE FAZEM A VELHA MÁGICA DE SEMPRE

Há muitos e muitos anos, a piada dizia que Sílvio Santos, então dono dos domingos globais, era um mágico. Havia transformado um dia da semana em merda. Nunca entendi muito, porque eu era fã do seu sílvio.

Vale mais para os dirigentes brasileiros. Zé das Medalhas, o conquistador Napoleão e suas jovens, belas e desinteressadas namoradas terão agora o reforço de Eurico Miranda que, ao tomar posse, resolveu deslustrar, por vingança, a memória de Chico Anísio. De onde nada se espera é que nada vem mesmo. O processo de transformar o futebol brasileiro em algo imprestável, tão imprestável quanto eles, continuará em 2015.

5) O APEQUENAMENTO DE GIGANTES

O Botafogo caiu. O Vasco ficou em terceiro na segunda divisão. O Palmeiras escapou na última rodada. O Nordeste terá apenas um representante na Série A em 2015. A Portuguesa foi para a C. Desceu o tobogã e não há nada que garante o retorno. Futebol não se faz sem grandes clubes, sem grandes  clubes fortes. É uma tristeza muito grande ver essas marcas patinando. Não se faz futebol sem clubes que sejam objeto de paixão de seus torcedores. Uma final com Cristiano Ronaldo e Messi juntos, no Barueri contra Neymar e Suárez no Boa Esporte seria uma tristeza imensa para o futebol brasileiro.

Dizem que dirigentes de clubes de futebol precisam ser profissionais. Pode até ser, mas acho que está faltando amor. Quem ama o Botafogo, quem ama o Palmeiras não pode fazer o que fizeram com seus clubes.

PS1 – Meu twitter é @blogdomenon

PS2 – Não sou eu quem faz a moderação de comentários. Por isso, se você for defender um torturador, possivelmente seu comentário será aceito. Então, amigo, seja homem e coloque seu nome verdadeiro. 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.