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Menon

Dez jogos importantes de 2014. Galo, Cruzeiro e a decadência brasileira

Menon

28/12/2014 12h20

Escolhi dez jogos que me tocaram em 2014. Infelizmente, não são todos que remetem a momentos alegres. São mais uma crônica da decadência do que se pratica no Brasil de hoje, com grandes clubes sofrendo e a seleção sendo humilhada como nunca. A exceção fica por conta dos mineiros. Que, diga-se de passagem, fracassaram também na América do Sul.

Alemanha 7 x 1 Brasil  – APAGÃO É A MÃE

Não houve apagão, parece claro. Houve o confronto de uma seleção com futebol moderno, compacto, com transição e compactação contra outra seleção que jogava no contra-ataque. Boa defesa e bola esticada para Neymar. Só que Neymar não estava. Em seu lugar o fraco (fisicamente falando) e assustado Bernard. E, na defesa estava o marqueteiro David Luiz. É totalmente desonesto dizer que nunca mais esse resultado vai acontecer, que foi um aborto da natureza. E daí? Prova apenas que o Brasil não teve nem a dignidade de Gana e Argentina que complicaram para os alemães. A pior derrota veio depois, na prorrogação. Zé das Medalhas e Marco Polo Handsome Nero continuam. E escolheram Dunga para mudar tudo. Ou pouco, pois, na cabeça deles, o maior vexame da seleção brasileira foi apenas um apagão.

San Lorenzo 1 x 0 Nacional – FRACASSO BRASILEIRO

Aos 106 anos de idade, o Corvo conquistou sua primeira Libertadores. Na final, venceu o Nacional do Paraguai, clube sem nenhuma expressão internacional. Para chegar á final, eliminou Grêmio nas oitavas e Cruzeiro nas quartas. Na fase de grupos, eliminou o Botafogo, classificando-se juntamente com o Union Espanhola. O Flamengo foi eliminado na primeira fase, superado por Bolívar e Leon. O Atlético-PR foi eliminado por Velez e Strongest e o Galo ficou nas oitavas, caindo diante do Nacional. Nenhum brasileiro entre os quatro primeiros. Dois brasileiros eliminados por bolivianos. Um fracasso.

River Plate 2 x 0 Nacional – E O BRASIL, ALGUÉM VIU?

A vitória, no Monumental, por 2 a 0 após empate por 1 a 1 na Colômbia, deu o título ao River. Um jogo redentor para um time que vinha de crise imensa, financeira e técnica. Os Milionários, depois de uma sofrida segunda divisão argentina voltavam a ganhar um campeonato internacional. Na semi, pasou pelo Boca, odiado rival e eterno inimigo. O Nacional eliminou o São Paulo na semi e o Vitória nas oitavas. O Goiás foi eliminado pelo Emelec e o Bahia pelo Cesar Vallejos. Mais um campeonato sem brilho dos brasileiros.

Ituano 7 x 6 Santos – QUEM É GRANDE, MESMO?

O Ituano foi campeão paulista nos pênaltis. Venceu a primeira partida decisiva contra o Santos e perdeu a segunda, ambas por 1 a 0. Derrotou o time que conseguiu mais pontos e mais gols. Foi um título baseado em defesa – 11 gols em 19 jogos – e, para chegar á final, eliminou o Palmeira na semifinal e o Corinthians ainda na fase de grupos. O São Paulo perdeu para a Penapolense. O vexame dos grandes já era um prenúncio do péssimo momento do futebol brasileiro. Seria mais fácil aqui louvar o Ituano, mas alguém consegue escalar o time campeão? Mais fácil se lembrar da Ponte-77. do Gurani-86, do Bragantino-90 e até da Ferroviária dos anos 60.

Palmeiras 1 x 1 Atlético-PR – A FORCA PASSOU PERTO

Depois de cinco derrotas seguidas, o Palmeiras precisava vencer o time misto do Furacão, em casa, para escapar da Segundona. Empatou por 1 a 1, com uma cobrança de pênalti tão linda quanto perigosa para cardíacos. Terminado o jogo, ainda foi preciso torcer alguns minutos para que o Vitória não marcasse no Santos. A fé foi tão grande, que aconteceu o revés. Foi o Santos que marcou. É muito importante que os times grandes não caiam. Mais importante ainda é que mereçam não cair. Que tenham times à altura de sua história. O Palmeiras tem agora a chance de se recuperar. Seria muito difícil se estivesse na série B, como já esteve em 2013. Onde estará o Botafogo. De onde saiu o Vasco. Os grandes, há muito, não são tão grandes.

Real Madrid 2 x 0 San Lorenzo – DAVI SÓ DERROTA GOLIAS NA BÍBLIA

O San Lorenzo, destruidor de brasileiros, enfrentou o Real Madrid vestindo a única roupa que lhe cabia: a de Davi pronto a surpreender, com um ataque isolado, ao gigante Golias. Não deu certo , é lógico. Ficou apenas a certeza de haver feito um jogo digno, diferentemente do Santos, que estendeu tapete vermelho para a arte de Messi e de Galo e Inter, que nem à final chegaram. O jogo mostrou também o grande desnível técnico entre europeus e sul-americanos. Algo impossível de se combater, pela grande diferença econômica entre os clubes dos dois continentes. O Mundial precisa mudar. Ter dois times europeus e dois sul-americanos, para que se tenha mais confrontos. Ou então, três europeus que ficariam esperando o campeão do outros continentes para um quadrangular. Do jeito que está, pouca graça há.

Holanda 5 x 1 Espanha – A TROCA DE GUARDA ESTAVA FEITA

A goleada, logo na primeira rodada da Copa, mostrou que a Espanha estava no fim. Alguém poderia acreditar em uma recuperação do campeão mundial e bicampeão europeu nas rodadas seguintes. O que houve foi derrota para o Chile. O lindo gol de Van Persie e o baile no final do jogo mostraram uma Holanda credenciada a ser a nova campeã. Mas a cor da camisa falou mais alta. Foram derrotados pelos argentinos, após passarem de maneira suspeita pelo México. Na disputa (disputa?) pelo terceiro lugar tiveram a ajuda de David Luiz para bater em bêbado

Galo 4 x 1 Corinthians – FOI A QUEDA DE MANO?

Depois de perder o primeiro jogo por 2 a 0 e sofrer um gol, restava ao Galo marcar quatro para eliminar o Corinthians. Conseguiu o que parecia impossível diante de um Corinthians sem nenhum brilho técnico e sem nenhum resquício da raça que o fez gigante. A anemia foi tão grande que influenciou muito na demissão de Mano Menezes ao final do campeonato

Galo 4 x 1 Flamengo  – VIVA LEVIR, O HOMEM QUE FAZ O RAIO CAIR DUAS VEZES NO MESMO LUGAR

Contra o Flamengo, a situação foi a mesma. E o Galo repetiu o milagre que tem nome. Levir Culpi, depois de cinco anos, voltou do Japão e se comportou como aquele tio velhinho que não tem vergonha de dizer o que pensa e de tomar atitudes que vão contra o senso comum. Afastou Ronaldinho, afastou Jô, terminou com a concentração e criticou contratações do próprio clube. Lançou jogadores novos e foi campeão.

Cruzeiro campeão – ESCOLHA O JOGO

Não vou citar um jogo. Foram tantos que deram a constância ao Cruzeiro para ganhar um título sem marolas e sobressaltos. Nem o fracasso na Libertadores e nem a queda para o Galo na Copa do Brasil fizeram a Raposa de Everton Ribeiro, de Ricardo Goulart e principalmente de Marcelo Oliveira passar por algum sufoco no Brasileiro

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.