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Menon

Fica, Valdivia!

Menon

23/03/2015 11h09

O texto abaixo é do jornalista José Cláudio Manesco, grande amigo. De Fartura, como Maércio Garbelotti, outro amigo. É uma homenagem a José Manesco, seu pai, que completou 90 anos e é fã de Jorge Valdivia.

Filho, esse Valdívia joga muito.

Filho você viu o que o Valdívia fez ontem? Ele é um dos melhores jogadores do mundo.
Esse é José, meu pai, 90 anos feitos em fevereiro de 2015. Nos insondáveis mistérios da alma fui pesquisar o porquê dessa sua paixão sem restrições.
Como alguém que viu jogar Valdemar Fiúme, Romero, Rodrigues, Tupanzinho, Chinezinho, Mazola e Ademir da Guia pode se desmanchar por um atleta que vive a sofrer com lesões e do qual parece se estar sempre a espera?

Parafraseando a canção, a resposta está no vento.
As pessoas até amam o regular, o concreto, o exato, o que se vê, o que acalma, o que pereniza, o que preenche os vazios. Mas elas se apaixonam pelo que não se vê, pelo que criam, pelo que idealizam, pelo que inquieta, pelo que tira o sono, pelo que excita, pelo improvável, pelo improviso.

Em tempos tão hipócritas, de cartilhas, escritas ou não, a moldar comportamentos exemplares, onde as sacanagens são ocultadas pela batina e aura santa, o chileno é o antípoda, o anti-herói, do qual nada se espera ou se espera o inesperado. Irresponsável, ele pulsa na dimensão do imaginário e trafega na faixa oposta do racional.

É impossível compreender os sentimentos do Seu José na esfera da razão. Seu José trabalhou a vida inteira, criou filhos, amigos, inimigos, fez muita coisa boa e também deve ter feito besteira. Os dias ensinaram mais do que os livros e hoje livre está a poder tantas coisas, mas na sua idade já não pode. Seu José tem tempo de sobra e vida tranquila. É calmaria a clamar por tempestade. De previsível já basta sua vida. Por isso nos seus noventa anos meu presente é um pedido: Fica Valdívia!!!

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.