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Menon

O eurocentrismo e o ódio ao futebol brasileiro

Menon

20/04/2015 14h55

Após a vitória do Corinthians sobre o Danúbio, embalado pelo futebol moderno jogado pelo time de Tite, escrevei que o Corinthians poderia chegar à semifinal da Liga dos Campeões. Disse que não teria chances contra o Bayern de Munique, Barcelona e Real Madrid, mas que poderia se classificar contra Porto, Juventus e Atletico de Madrid, em um sistema de dois jogos, um na Europa e outro no Itaquerão.

Até hoje, sou questionado nas redes sociais. Muitas vezes com uma agressividade muito acima do tom. Fiquei pensando nos motivos que levam a essa reação e listei alguns:

1) Raiva de mim – Nada disso. Não sou tão importante assim para que as pessoas me questionem por uma opinião porque tem raiva de mim. Pensar isso seria até arrogância de minha parte

2) Raiva do Corinthians – Sim, existe e pode explicar muito das observações que recebo. Seria o mesmo se eu falasse de outro grande brasileiro. Os outros torcedores tomariam posição.

3) Discordância da minha análise – Muito natural que aconteça, principalmente porque era um post opinativo e não informativo. Discordar é natural, a troca de informações é muito legal e eu gosto.

Mas o tom das cobranças é muito alto. Dizem que eu estava lambendo o Corinthians, por exemplo.

E aí vem a quarta razão, que é a que me preocupa.

As cobranças são de pessoas que detestam o futebol brasileiro. E talvez o Brasil. Para elas, nada do que se passa aqui pode dar certo. Tudo aqui é atrasado. Esquecem a grandeza de nosso futebol.

A tendência aumentou depois dos 7 a 1. Ora, os 7 a 1 representam muito pouco quando se fala do que acontece fora de campo. Nesse caso, é 35 a 1. E não sei de onde vem esse UM, se considerarmos a tríade Ricardo Teixeira, Jose Maria Marin e Marco Polo del Nero.

Há também uma grande diferença tática. Nossos treinadores estão sempre atrás. Estão sempre copiando o que vem da Europa. Não lançam moda, para usar um termo antigo.

Mas quando um treinador como Tite treina bem o time ele pode render bem. O mesmo posso dizer agora de Osvaldo. Temos jogadores aqui. Os melhores estão lá fora, mas os daqui, se bem treinados e motivados, podem, sim formar um time competitico e enfrentar os europeus.

Como disse o meu amigo Pedro Venâncio, apostar sempre na Europa faz com que as pessoas adquiram um status cool. São maneiros, são estudiosos, são conhecedores e estudados.

O Brasil? Ora, o Brasil. Aqui não tem futebol.

Eu acho que tem. Eu sei que tem.

Quem odeia o futebol brasileiro, quem se acha o máximo porque sabe o nome do zagueiro reserva do Apoel, pode se surpreender.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.