Jóbson, Sheik e Mendoza. Punições contra a vida e contra o espetáculo
Sinto que estamos vivendo uma quadra conservadora de nossa existência. O Congresso não regulamenta os direitos das empregadas domésticas e parede muito mais preocupado com a redução da maioridade penal e com o fim dos direitos dos trabalhadores. Terceirização vem aí.
O futebol surfa na mesma onda. Neste caso, o conservadorismo é sinônimo de punição. Os dirigentes só pensam em punir, punir, punir.
A Fifa, uma entidade que vive de mãos dadas com corruptos e com príncipes de países que não respeitam mulheres, definiu que Jobson, usuário de drogas, está suspenso por quatro anos. Eles afastam um homem doente, vítima de uma chaga social, de algo que poderia ser uma terapia, uma recreação, um auxílio na reintegração social.
Pior, ainda. Afastam um homem doente de sua profissão.
O que será de Jobson sem o futebol? Seu futuro fica em xeque. Haverá futuro para ele?
E a Conmebol acena com a indecente punição de seis jogos para Mendoza e Sheik. Foram expulsos em lances polêmicos. Para mim, o amarelo estaria bom.
Tirar dois jogadores do restante do campeonato é um abuso contra o próprio campeonato. Um campeonato que vive mais de luta do que de grandes estrelas.
Mas, vá lá que a punição sirva para moralizar o campeonato. Ora, a Conmebol tem moral para punir alguém. Para ensinar alguém?
O que a Conmebol faz pelos estádios da América do Sul? O que faz pela segurança? Será que aqueles cartolas se incomodam com gramados sem grama e com escanteios que levam o cobrador a temer pela vida? Exagero? E um rojão na cabeça, iria bem?
Fifa e Conmebol, entidades carcomidas, com dirigentes grudados no poder como vermes em cadáveres, gosta de arrotar valentia contra homens doentes e os artistas do espetáculo.
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