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Lusa na Libertadores é a nova loucura de Rosenberg. E Vinícius vem aí

Menon

29/04/2015 10h52

Luis Paulo Rosenberg diz loucuras com o olhar firme e a voz serena. Não gagueja e nem demonstra hesitação. Ao contrário, há confiança no ar quando afirma que seu trabalho como consultor da Portuguesa tem meta definida: fazer o clube disputar a Libertadores de 2020, quando completa seu primeiro centenário. "Quando eu disse que traria o Ronaldo para o Corinthians disseram que eu era louco. Então, podem dizer novamente", disse na terça-feira no Canindé, horas antes de a Portuguesa ser eliminada pelo Ituano na Copa do Brasil.

A "loucura" tem planejamento. É dividida em quatro fases e a última tem até uma certa folga para se concretizar. O primeiro passo é voltar para a Serie B."A Portuguesa é um leão marinho dentro de um aquário. Não vai continuar na Série C. Vamos subir". E o segundo, subir para a A. "Ao contrário do Corinthians que chegou na Série B em baixa, chegaremos em alta. E em dezembro de 2016, estaremos na A". Aí, vem a folga. "Teremos 2017 e 2018 para nos estabilizarmos, para ficar na A sem sustos e depois, vamos brigar com os grandes. E disputar a Libertadores em 2020".

Tudo planificado, tudo certinho, mas como tirar o leão marinho do aquário, se não há dinheiro para nada? Se o clube vive seu pior momento na história? "Olha, a situação é bem pior do que vocês pensam. Vamos disputar um torneio em que não recebemos verba da CBF e nem cota da televisão. Será necessário um trabalho de guerrilha para buscar dinheiro."

O trabalho de guerrilha tem dois vetores diferentes. O primeiro é uma aproximação com a colônia portuguesa, é um vínculo maior com as tradições do clube. O segundo, é ter um relacionamento maior com os grandes clubes de São Paulo. "Nosso estádio é maravilhoso e aconchegante. Pode ser um grande programa familiar ver nossas partidas aqui. A Portuguesa não tem tem rejeição alguma. E também é possível conseguir pelo menos um jogador de cada grande para fortalecer a Portuguesa" Contra o Ituano, a camisa dos jogadores trazia a inscrição "Somos todos Lusa", indicativo da campanha que busca solidariedade entre os grandes.

Mas, a figura pública de Rosenberg não é um entrave a esse plano. Como um são-paulino, que sempre foi chamado de bambi por ele (quando diretor do Corinthians?) vai ajuda-lo agora. Rosenberg está tão confiante no projeto que se considera inferior a ele. "Ninguém vai deixar de vir aqui por causa de mim. E o são-paulino precisa saber que sempre tive muita amizade com os diretores do clube. A brincadeira é fundamental no futebol. Eu brincava com o São Paulo e o Marco Aurélio Cunha brincava com o Corinthians. É melhor do que torcedores se matando nas ruas".

Para tornar mais fácil a vinda de torcedores, Rosenberg pensa na revitalização do Canindé. "Não é uma maquiagem no estádio, é um botox. Fazer com que fique mais bonito, mais colorido e que possa até ser usado como fonte geradora de renda, como um grande outdoor do clube".

E o dinheiro de onde viria? Da tal aproximação com a colônia lusa. Rosenberg tem em mãos uma lista de cem empresários portugueses ou de ascendência portuguesa e irá procura-los um a um. "Está difícil conseguir R$ 3 milhões por ano, mas vamos correr atrás disso. Eles vão ajudar o seu clube".

Recorrer à colônia portuguesa não é nenhuma novidade. Este tipo de mecenato, talvez com menor competência, sempre foi utilizado. "Não vai ser mecenato. Daremos contrapartidas. Haverá espaços no estádio, placas publicitárias, nossos jogadores poderão visitar as empresas em atos promocionais e haverá outros pacotes. Mas, se não quiserem nada disso e quiserem fazer doações, quiserem praticar o mecenato, aceitaremos de braços abertos. Não recusaremos nada".

O dinheiro virá também de formas tradicionais. Rosenberg pretende fazer 100 novos licenciamentos de produtos até o final do ano. "Traremos um bom patrocinador para o uniforme, haverá uma loja virtual e a loja física será reestruturada, com porta para a rua e o programa sócio torcedor será também reestruturado".

Além disso, o clube buscará uma grande inserção nas redes sociais. O novo site estará no ar em 20 dias.

Rosenberg termina a explanação espalhando confiança entre os ouvintes. É tudo loucura. Pode ser, mas há método nesta loucura. Há planejamento.

Maior loucura é saber que nunca houve isso no clube. Que nunca houve sonhos a serem sonhados.

NOVIDADES DO ELENCO

Vinícius, atacante revelado pelo Palmeiras e que esteve no Capivariano no Paulistão, é o primeiro nome citado como exemplo da boa vontade dos grandes. Foi o que me disse um grande dirigente do clube. "Não sei muito de nomes porque acredito na descentralização mas o nome do Vinícius é forte".

As negociações para uma parceira com o Audax continuam. Havia dois grandes empecilhos. 1) a direção do Audax queria que todos os jogos fossem em Osasco. 2) queria Fernando Diniz como treinador. A Portuguesa aceitou fazer alguns jogos em Osasco e sugeriu que Diniz fosse auxiliar de Junior Lopes.

Ainda há conversas, mas a Portuguesa continua buscando seus próprios jogadores. Dos 30 que formarão o grupo que lutará pelo acesso, pretende ter pelo menos 18. "Sugeri alguns jogadores e o clube já estava procurando outros. Alguns do elenco atual devem continuar. Logo estarão vindo para que a gente possa trabalhar duas semanas antes da estreia", disse o treinador Junior Lopes.

A estreia será dia 17 de maio, em Londrina.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.