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Dirigentes são cúmplices de Marin e Del Nero. Não tem flor neste pântano

Menon

29/05/2015 21h38

O deputado Ulysses Guimarães era um grande político. Foi o condutor do Brasil no caminho das trevas à luz, da ditadura à democracia. Uma de suas frases era: "não existe vácuo de poder". O que significa? Quando alguém, por decisão própria ou alheia à sua vontade (geralmente a segunda opção) perde o poder, alguém toma o seu lugar. Imediatamente ou pouco depois.

A máxima dita pelo Velho não é dele. É uma lição de geopolítica. Algo que não se discute, aceito por todos.

Dr Ulysses e os formuladores da geopolítica não conheceram a atual quadra do futebol brasileiro. O ex-presidente da maior entidade do futebol brasileiro é preso por corrupção comprovada e juramentada. Seu antecessor havia abandonado o cargo pelo mesmo motivo. São ladrões. Aliás, me permitam uma digressão, que coisa triste um homem ser ladrão aos 83 anos de idade. Já roubou a vida inteira, não dava para parar? Imagino seus netos ou bisnetos serem apontados na rua ou na escola como parentes de um ladrão.

E o atual presidente da CBF? Jura estar mais limpo que bumbum de bebê bem cuidado. Não tem nada a ver com nada. Nem se lembra de Marin. Quem? Nunca vi.

O poder está podre. O poder está balançando.

É o momento ideal de balançar a árvore para que as últimas frutas podres caiam. É a hora da união dos clubes para que a cúpula caia. A cúpula de uma entidade rica que não consegue ajudar os clubes. Uma entidade que vive dos clubes, que suga os clubes – não paga nem salário de jogador convocado – e que nada dá em troca.

Por que, então, os clubes não se unem e fazem uma revolução?

Por que não exigem a renúncia de Del Nero?

Por que não criam uma Liga?

Nada disso.

Quem teria coragem de fazer isso? Carlos Miguel Aidar fez em 1987. E, depois, abandonou a obra. Não reconhece mais o Flamengo campeão de 87. Campeão da liga que ele criou. Carlos Miguel posou ao lado de Marin em sua campanha eleitoral. Foi apoiado por Marin, que é sócio do São Paulo. Seu escritório de advocacia trabalhava em sociedade com o escritório de Marco Polo Del Nero.

E os outros? Paulo Nobre nunca tomou atitude alguma. Modesto Roma Jr. está tendo uma atitude muito digna em enfrentar Neymar pai e Neymar filho, que roubaram o clube na transação para o Barcelona. Andrés Sanchez bateu de frente com Marin e caiu fora da CBF.

Eurico Miranda? Não, né?

Eduardo Bandeira de Mello, talvez. É uma esperança. Mas, se fizer alguma coisa, não terá seguidores.

Basta ver aqui em São Paulo. Os clubes grandes aceitam ser presididos por Reinaldo Carneiro Bastos, um seguidor de Marin e Del Nero. Um homem que fez carreira no Taubaté. Sim, o cara de Taubaté manda em São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, Portuguesa, Ponte…..

Se Del Nero cair, cairá por decisão própria.

E, se cair, assumirá o Delfin, lá de Santa Catarina.

E nada vai mudar.

No futebol brasileiro, o poder continua na mão desta gente. Mesmo se houver vácuo, será preenchido pelos mesmos.

Neste pântano, não nascerá flores.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.