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Fábio Sormani e a saudável luta contra os mitos

Menon

24/06/2015 11h50

Fábio Sormani disse que o Corinthians, em campo, tornou-se grande apenas após o título brasileiro de 90. Uma opinião embasada em fatos, que causou muita repercussão. Inclusive uma, de colega de profissão, muito deselegante, usando, sem citar Sormani, a palavra palhaço.

Eu discordo do Sormani. Antes da fixação do Brasileiro como o mais importante campeonato, havia os estaduais. Não eram frágeis como agora e o Corinthians ganhou muitos deles. O Brasileiro não pode tirar o valor dos antigos estaduais, assim como a Liga dos Campeões não pode tirar o valor da Copa do Mundo. E a Libertadores não pode tirar o mérito dos Brasileiros atuais.

O que saúdo em Sormani é  a coragem de colocar a mão em cumbuca, em tocar em tabus, em desafiar a banda dos contentes. Não há nada de errado em duvidar da grandeza corintiana pre-90, como também não há em saudar a predominância técnica atual do time. Eu também o fiz. Não se confirmou. E daí? A opinião foi sincera, embasada, sem clubismo, emitida com honestidade.

Também gosto de tocar em alguns tabus. Por exemplo:

1) Corinthians como expressão da esquerda no futebol – A análise é muito cultuada por corintianos. Tem uma base, sim. A Gaviões foi a primeira – ou única – torcida a levar uma faixa pela anistia aos campos de futebol, nos tempos de chumbo. Foi ali que vicejou a maravilhosa experiência da Democracia Corintiana. Sim, mas foi também o Corinthians o único clube a se transformar em lavanderia do dinheiro de um mafioso russo.

2) Telê Santana, o estrategista – Nunca foi. Telê sempre foi um treinador que optou pelo toque de bola, pelo passe perfeito e alcançava isto com muito treino. As jogadas eram repetidas incessantemente, dia a dia. Quem via os treinos, percebia como, com o passar do tempo, os jogadores melhoravam seus fundamentos técnicos.

3) Zico, um supercraque – Esta discordância quase me causou uma demissão no Lance!, em 1997, no início do jornal. O dono pediu que se fizesse uma graduação dos jogadores para que não houvesse exagero nos elogios. Pelé era o primeiro, inigualável. Em seguida, havia listas, com supercraques, craques, ótimos jogadores….. Zico estava no mesmo patamar que Maradona. Discordei e fui repreendido.

Há outros tabus a serem tocados. Que bom que seja assim! Nada é imutável, nada está acima da opinião honesta. Mesmo que ela cause revolta. Hoje, no twitter, fui chamado de bêbado, viciado e quetais. Meu crime? Dizer que Eurico e Luxemburgo não são a única coisa ruim do futebol brasileiro.

Fico feliz. A banda dos contentes reagiu.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.