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São Paulo vende almoço para pagar o jantar. Falência do futebol brasileiro

Menon

29/07/2015 10h04

O São Paulo vendeu o meia Gabriel Boschilia, 19 anos, por 10 milhões de euros. Contratou Luiz Eduardo, zagueiro de 28 anos, sem gastar nada. É o retrato cruel do futebol brasileiro atingindo um ponto ainda pior do que antes. Vender promessas para contratar veteranos sem mercado na Europa é comum. Agora, o que se traz é jogador sem nenhum passado e, provavelmente, sem nenhum futuro.

É algo semelhante à devastação da floresta amazônica. Lá, pelo menos, há algum limite – geralmente não cumprido – de preservação. Aqui, não. É a lei da selva. E não é somente com o São Paulo. O Corinthians perdeu Matheus Cassini. E o Santos foi "roubado" por sua grande revelação. Na venda de Neymar, o pai do craque ficou com o principal e o clube com uma comissão. A Portuguesa perde jogadores às dúzias. O Palmeiras? Não revela ninguém há anos. Gabriel é uma exceção que enche o torcedor de esperanças.

E eu fico pensando: já que é para vender o menino, por que não se dá mais chances, não se escala mais vezes, em busca de uma maior exposição e maior valorização. Há tempos se sabe que Boschilia é bom de bola. Mas nunca joga. Rodrigo Caio, que esteve a pique de se transferir para a Europa, só agora consegue ser titular indiscutível do São Paulo.

A crise atual do São Paulo é enorme. Osorio foi contratado para dirigir um elenco que agora não tem mais Souza, Denílson, Boschilia, Paulo Miranda, Cafu… Família vende tudo. O clube também.

Um segundo olhar para as vendas desnuda a falsidade do clube que sempre disse ser o rei do "planejamento". Estão pagando agora uma dívida de 2001, referente a Jorginho Paulista. A comissão que seria paga a uma agência de Hong Kong pela concretização do acordo com a Under Armour foi suspensa.

Os negócios nebulosos rondam o clube. A namorada de Carlos Miguel Aidar só deixou de ganhar comissão por causa da repercussão das denúncias. No primeiro momento, o presidente disse que estava tudo correto. Disse, ainda, que pagaria comissão até para jornalista que conseguisse negócios para o clube. Uma visão elástica e flexível de ética.

Para enfrentar tantos problemas, o presidente:

1) Acusa o anterior, que o elegeu.

2) Vende jogadores, inclusive os imberbes.

3) Anuncia factoides: Rogério vai almoçar e jantar com sócios torcedores, Eu Pago o Pato, e agora o fundo de torcedores famosos, cada um doando o mínimo de R$ 1 milhão. Até agora, nenhum dos citados mostrou entusiasmo com a solução.

Esperemos janeiro, quando o atual agosto será lembrado com saudades. Afinal, o time que tem tantos problemas, não terá Rogério Ceni, Ganso e Luís Fabiano.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.