Aidar deixa de ser kinder ovo, abandona factoides e começa a governar
O presidente Carlos Miguel Aidar comanda uma tentativa de mudança de estatuto que permitirá a implantação de um novo modelo de gestão que só fará bem ao São Paulo. O clube passará a ser gerido como uma empresa, sem a ajuda de "abnegados" que não recebem salários. É um passo fundamental para que se possa participar de projetos de refinanciamento da dívida, que é a maior de todos os tempos
É uma atitude séria do presidente, que tira poder de seus amigos e até dele mesmo. Uma atitude que contrasta com o que ele próprio tem feito até agora.
Carlos Miguel Aidar tem sido um verdadeiro kinder ovo. A cada entrevista, uma surpresa. Um novo factoide. Fala coisas que não combinou com os outros e que são abandonadas em seguida.
As últimas foram:
1) Rogério Ceni vai reformar até o final do ano e seu salário virá de ações de marketing do Programa Sócio Torcedor. Ele almoçará e tomará café com associados sorteados. Rogério, que não havia sido consultado, deixou a ideia de lado. E, ironia, Lugano, que se ofereceu para jogar em troca de ações de marketing, foi dispensado.
2) Eu pago o Pato – Dinheiro do sócio torcedor seria o suficiente para a contratação de Alexandre Pato no final do ano. Nada avançou. Continuamos esperando.
3) O fundo de investimento que conseguiria R$ 100 milhões – O presidente disse que buscaria são-paulinos ilustres para colaborarem com o mínimo de R$ 1 milhão para um fundo que traria lucro com a futura venda de jogadores. Entre os ilustres, citou Henri Castelli, o ator que faz o papel de Gabo, na novela I love Paraisópolis. Ora, façamos uma análise rápida. Castelli tem uma poupança de R$ 10 milhões? Duvido. Se tiver, gastaria R$ 1 milhão em um fundo de jogadores? Puro factoide.
Factoide destruído por Abílio Diniz na reunião do Conselho Deliberativo. Leiam o que ele falou em seu blog, aqui no UOL.
"O que disse ontem aos conselheiros? Que, na minha experiência, esse fundo só vai funcionar se tiver regras muito claras, transparência e gestão profissional e remunere satisfatoriamente os investidores.
O fundo precisa ser capaz de atrair investidores do mercado e não são-paulinos apaixonados. Paixão e investimento geralmente não combinam. Se o fundo não atrair recursos de não-são-paulinos, é sinal de que pode não ser um bom investimento, e aí ele não vai cumprir seus objetivos.
Esta é uma solução emergencial para resolver o problema de caixa do clube. A solução de médio e longo prazo passa por gestão profissional, grande redução de despesas e tirar do Centro de Treinamento de Cotia tudo aquilo que esse imenso patrimônio pode oferecer."
É só trocar a palavra paixão por amadorismo que o drama será mais bem entendido.
Há muitos outros factoides. Quantos projetos do Morumbi ele já apresentou? E sempre com uma bravata. "Em dois meses, isso estará pronto" é o mantra. Sempre dois meses que nunca chegam.
Mas não vamos ficar lembrando de promessas vãs e factoides pirotécnicos justamente quando o presidente toma uma atitude madura, em prol do clube, sem demostrar elitismo e preconceito contra os rivais.
Que a saída da adolescência administrativa seja definitiva.
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