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Bauza é o antípoda de Osorio

Menon

17/12/2015 18h07

Em 8 de setembro, após uma vitória do San Lorenzo sobre o Boca, em La Bombonera, o treinador Edgardo Bauza – anunciado ontem como novo comandante do São Paulo – fez um resumo de seu pensamento futebolístico. "Estão criticando o Boca por não haver atacado, mas acho que deveriam elogiar o San Lorenzo por não haver deixado espaços para o Boca".

E deixou claro a importância da parte tática. "Se alguém for analisar o tático, vai gostar da maneira que joga San Lorenzo. Somos um time sério, ordenada, que se defende e ataca quando pode. Deixamos pouco espaço para o rival e diminuímos suas opções."

Para Bauza, não há necessidade de se ter um futebol vistoso.  "Não somos um tive vistoso e entendo que esta proposta não agrade. Não somos verticais como outros, mas temos coisas que fazemos bem, caso contrário não estaríamos há 14 jogos sem perder".

Algumas semanas antes, em outra entrevista, ele havia radicalizado  sua análise. "Somos mesquinhos, defensivos e atacamos pouco. Comparando com os outros temos menos opções, mas nossos jogadores sabem o que fazer. Respeito outras análises, mas somos difíceis para os adversários".

Bauza mostrou também ser um treinador com muito foco nas decisões. É o que mostra sua atitude após a vitória sobre o Boca. "Entrei no vestiário e vi muita alegria dos jogadores. Deixei que festejassem por dez minutos e depois mandei parar e reafirmei que temos ainda sete finais até o final do campeonato".

Palavras amargas, com gosto de fel, para quem foi formado torcedor do São Paulo vendo equipes ofensivas e espetaculares, como os Menudos de 85 – Bernardo, Silas e Pita, Muller, Careca e Sidnei – os campeões mundiais de 92/93 e o ótimo time de 2005.

Palavras doces, verdadeiro mel, para quem vê nos últimos tempos um grupo de jogadores incapazes de superação. Jogadores que não aumentam em um centímetro sua velocidade média no jogo, craques que não se ajudam, gente que nega suor ao time.

Os diretores do São Paulo buscavam um treinador que apostasse na marcação alta. Com sinceridade, não sei se Bauza é adepto da marcação no campo rival. O que se sabe é que tem preocupação defensiva. Queriam também alguém que apostasse na ideia do conjunto e não do individualismo. Só para lembrar, Bauza foi campeão da Libertadores com LDU e San Lorenzo.

É difícil dizer que uma contratação foi correta. Treinadores que tem a honra de dirigir gigantes como o São Paulo, devem ser julgados por resultados. O que se pode dizer é que foi uma contratação coerente, com muitos pontos positivos.

1) Novamente o clube sai do viciado e inflacionado mercado brasileiro.

2) O elenco do próximo ano não terá substitutos do mesmo nível – inclusive financeiro – de Ceni, Pato e Luis Fabiano.

3) Bauza pode indicar um bom zagueiro estrangeiro. Os dirigentes dizem que não há ninguém disponível no Brasil.

4) Um time forte na defesa e compacto no meio pode fazer crescer o brilho de Ganso. Ou, sua eficiência. O meia precisa deixar de ser um vagalume para se transformar em um farol.

A tartaruga manca andou. Para mim, deu um passo no caminho correto.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.