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Prass, a estátua Moai. Personagem da semana

Menon

07/03/2016 12h40

prassmoaiNa quinta-feira, dia 3 de março, o argentino Marco Rubén, diante do testemunho de 36 mil pessoas, se viu diante de um deus Moai. O rosto anguloso e de traços marcantes de Fernando Prass era como uma esfinge.

Decifra-me ou te devoro.

Minutos antes, Robinho, com um carrinho dentro da área, havia atropelado Cervi. Pênalti para o Rosario, que perdia e dominava. Sufocava.

E os dois homens se viram frente a frente. Onze metros de distância. Dois homens? Ou um homem e alguém que está se transformando em mito. Substituindo outro mito. E, para a fanática torcida, transformando em pó o legado do mito que se aposentou em dezembro. O Mito do outro lado do muro.

Rubén se preparou. E a estátua não era estátua. Ela se mexia bastante, lateralmente, de acordo com a regra. E a estátua apontava o seu lado esquerdo.

Jogos mentais. Prass sabia que, no final de semana, Rubén havia feito um gol no Colón, cobrando pênalti, ali no lado esquerdo do goleiro.

O aviso estava dado: eu sei o que você fez na semana passada.

O que Rubén deve ter pensado? 1) ele aponta o lado esquerdo, então vou chutar no direito. 2) ele aponta o lado esquerdo, para que eu chute no direito, então eu chuto no esquerdo mesmo. E se ele pular no esquerdo?

Rubén foi vencido pelo jogo mental. Optou por mudar o que havia dado certo contra o Colón. Chutou no lado direito e viu a bola se chocar contra a estátua de toneladas. Estátua móvel. Escanteio.

Mais um fato a contar. Mais um fato a constar na narrativa de construção do mito Prass. A torcida já não sente tantas saudades de Marcos. É lógico que ele nunca será esquecido, é lógico que ele será sempre o preferido, mas os verdes sabem que sua ausência está sendo preenchida da melhor maneira possível.

Prass pegou um pênalti e marcou outro na final da Copa do Brasil contra o Santos. Repetiu a dose contra o Nacional, no início da temporada. Para os torcedores, já está à altura de Rogério Ceni. Em porcentagem de acerto, em cobranças que valeram títulos…

A vida continua. A história futebolística é escrita a cada domingo, a cada jogo. A certeza que fica é que, quando houver um pênalti contra o Palmeiras, sua torcida – seja ela evangélica, católica, espírita, umbandista – se renderá aos segredos da estátua Moai. Pênalti já não é sinônimo de quase gol, de sofrimento chegando. Penalti, com Prass, pode ser o início da catarse, o pré gozo, o grito gritado bem alto, com a mão crispada.

São Prass está sendo construído, sob proteção de São Marcos.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.