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Fundador da Gaviões: "PM agride nossa torcida em nosso campo. Até quando?"

Menon

21/03/2016 13h53

Chico
Francisco Malfitani, jornalista e publicitário com 30 anos de atuação em marketing político, também é – e para ele, isso é mais importante que tudo – fundador da Gaviões da Fiel. Foi em 1969, no momento mais terrível da Ditadura Militar. Hoje, quase meio século depois, ele vê o mesmo clima de perseguição contra a torcida. Culpa, segundo ele, da ação seletiva da PM e também da inação da diretoria do clube.

A seguir, a entrevista.

A PM e a Gaviões tem entrado em conflito. Há relação com o que se vivia em 1969, na fundação da torcida?

Total relação. A Gaviões nasceu por três motivos: 1) apoiar o Corinthians; 2) lutar contra a ditadura de Wadih Helou, que se apoiava no clube para se eleger deputado pela Arena, partido da Ditadura e 3) lutar contra a Ditadura Militar. Fomos reprimidos por levarmos faixas aos estádios pedindo Anistia, Diretas Já e fim da Ditadura. Hoje, somos combatidos por levarmos faixas contra a TV Globo  e contra Fernando Capez, o falso arauto da moralidade.

O que tem de errado com a Globo e com Capez?
Contra a Globo, é a questão do horário. Jogo às dez horas é ruim até para quem está em casa e precisa acordar cedo para trabalhar. É um dado a mais da elitização do futebol. O Capez se tornou o grande inimigo das torcidas organizadas e se elegeu deputado assim. E agora se envolve na mais podre corrupção, aquela que tira comida da mesa das crianças.

Como a diretoria está se portando no caso?

Uma inação total. A diretoria paga para a PM ir ao estádio do Corinthians fazer segurança em dias de jogos. Não é grátis. E a PM agride a torcida do Corinthians. Até quando? Existe maior desrespeito ao grande patrimônio do clube, que é o torcedor? Para que é necessária a presença da PM em uma vitória por 4 a 0 sobre o Linense? Qual a tensão existente em um jogo como esse? Nenhuma. O Corinthians foi eliminado pelo Palmeiras em seu estádio e não houve briga. Para que a PM? E a torcida quer saber também quando será aberta a caixa preta do estádio. Quanto custou? Como fica a questão dos naming rights?

E o que você tem contra a PM?
O nome é tropa de choque. Percebeu? Não é para diálogo, é para bater. E batem muito. E não tem repercussão na mídia porque não é um jogo de basquete no Pinheiros, de vôlei no Paulistano ou de tênis no Harmonia. E é uma reação contra um lado só. Quando uma parte da torcida xinga o Lula e a Dilma, a PM não faz nada, só falta tirar selfie. Quando se critica o Capez, apanha. É essa a democracia que existe atualmente no estado de São Paulo?

O que você está prevendo?

Confronto. O Brasil está em um momento de tensões. Há um cheiro de fascismo no ar. Pessoas estão sendo agredidas nas ruas. E uma hora, haverá reação. Começaram batendo dentro do campo e agora, batem fora. Se não houver denúncia da imprensa, haverá uma grande briga, com a situação saindo da normalidade.  Não adianta agredir a Gaviões por conta de ideias. Isso é fascismo. As ideias resistem e continuam.

Você não está dando ares poéticos à Gaviões? Ela não é violenta?

A  Gaviões cometeu erros graves. Esteve envolvida em briga e em mortes. Mas a sociedade mudou, está mais violenta também. Hoje, temos MMA na televisão. Temos assaltos violentíssimos. Não somos dinamarqueses, ninguém é. O procurador Paulo Castilho diz que as torcidas estão pacificadas e o presidente da Gaviões é agredido violentamente após uma reunião com ele.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.