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Menon

Uruguai tinha o Mestre. O Brasil tinha o Dunga. David Luiz, nunca mais

Menon

26/03/2016 01h14

Faltou pouco para o Uruguai acrescentar mais um feito em seu olimpo de conquistas. Depois do Maracanazo de 50, quase tivemos o Recifazo de 2016. E, se acontecesse a virada, não teria nada de heroica. Seria apenas a consequência natural de dois fatores que se fizeram notar intensamente: a superioridade de Tabarez sobre Dunga e a imensa diferença de caráter das duas equipes. Antes de continuar, uma digressão. Para mim, o título uruguaio de 50 tem a ver, sim, com heroísmo, mas pode ser explicado também por questões táticas e técnicas. Mas esta é outra história.

O Brasil fez uma boa partida até marcar o segundo gol. Havia inversão de jogadas e Neymar havia encontrado um bom espaço entre as duas linhas de quatro da seleção uruguaia. Flutuava por ali, leve e solto. E tudo foi facilitado pelo gol de Douglas Costa aos 40 segundos. William, na direita, foi marcado pelo alto e fraco Coates. Vitorino errou e não interrompeu o cruzamento. Nova digressão. Lembremos que Maxi Pereira, Josema Gimenez, Diego Godin e Martin Caceres, a zaga titular não estava em campo.

Depois do segundo gol – lindo gol – brasileiro, o Uruguai foi à frente impulsionado pelo profissionalismo e vontade de jogar. Alvaro Pereira cruzou da esquerda, Carlos Sanchez cabeceou para trás e Cavani acertou um lindo chute. David Luiz estava a alguns metros dele, dentro da área, com as mãos para trás para impedir um pênalti que não houve.

E aí, antes da intervenção de Tabarez, veio algo que eu não gosto de reconhecer, que considero até primário, mas que se fez notar. O DNA de cada futebol. O milionário futebol brasileiro se encolheu na dificuldade. O sofrido futebol uruguaio cresceu. E foi atrás de seu passado, de sua história. Foi atrás do empate.

No segundo tempo, Tabarez fez a substituição que mudou o jogo. Trocou o 4-4-2 pelo 4-1-4-1, Recuou Arevalo Rios para ser uma espécie de terceiro zagueiro, mais adiantado. Passou a marcar duramente Neymar. O craque brasileiro não conseguia flutuar mais. Tabarez tirou Cebolla Rodriguez e colocou Tata Gonzalez. Ele, com muito esforço e raça, passou a ajudar Alvaro Pereira. Cavani passou a jogar pela esquerda, de área a área.

Suárez era o único atacante. E que atacante!!!! Empatou o jogo logo a cinco minutos, deixando David Luiz na saudade. Como sempre, aliás. E o Brasil murchou. E o Uruguai cresceu. Os brasileiros começaram a bater muito e as dificuldades técnicas de David Luiz vieram à tona novamente. Não tem noção de espaço, não marca bem, não tem velocidade. No final do jogo, cabeceou uma bola para trás e Allison conseguiu defender o chute de Suárez.

A situação estava tão favorável que Tabarez resolveu arriscar. Tirou o meia Carlos Sanchez e colocou o atacante Christian Stuani. Correu riscos, sim, pois Fucille teve dificuldades para marcar Neymar, que foi para a ponta esquerda.

O Brasil sofre com a falta de um armador. Não tem um centroavante. Neymar deveria ter jogado como Messi, fora da área para receber a bola, mas dentro dela após um curto pique. Não foi assim. David Luiz foi muito mal novamente. Filipe Luiz é limitado. Fernandinho e Luis Gustavo são fracos.

Mas a maior diferença estava em campo. Eles tinham um Maestro (Mestre). E nos, um Dunga

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.