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Cuca vence Tite. E, fora do campo, perdemos todos nós

Menon

03/04/2016 18h26

O clássico teve ingredientes que se tornarão inolvidáveis. Prass defende um pênalti e na sequencia, Cássio falha. O Corinthians perde seu quarto pênalti em seis cobranças e Dudu, que saiu do banco, faz de cabeça. O Santo Google nos informa que Cássio te 1,96m e Dudu, 1,67m. Uma régua de diferença.

Cuca surpreendeu ao abrir mão do onipresente 4-2-3-1, que, em minha opinião, engessa muito os times. Formou uma segunda linha de quatro, com Arouca, Gabriel, Robinho e Zé Roberto. Todos muito combativos. Zé Roberto dando uma mão incrível a Egídio, fechando o lado direito do Corinthians.

O Palmeiras pressionou bastante. Até achei que o gás acabou ali pelos 35 minutos, mas foi melhor no primeiro tempo, sem dúvida. No segundo, manteve a intensidade contra um Corinthians que parecia meio desconectado do jogo. Tite tirou Elias e colocou Maicon, formando o tal 4-2-3-1, igualou o jogo, mas aquele minuto em que uma defesa de pênalti foi sucedida por uma desastrada saía de gol, definiu tudo.

Fora de campo, houve enfretamento e morte. O de sempre.

Eu sinto vergonha, como cidadão que paga impostos, de ver a PM sendo usada para fazer escolta de delinquente. A violência é enorme cidade, as mortes não param e a PM, como se fosse uma entidade beneficente vai escoltar essa gente.

Aliás, a atuação da PM é muito contraditória. Em dia de jogo, escolta torcida organizada. Fora dos dias de jogo, resolve invadir a sede da Gaviões, que, coincidentemente, no dia anterior e em vários outros tem feito manifestações contra o deputado Fernando Capez, que tem seu nome envolvido em roubo de merenda escolar. Como diz um grande amigo, que hoje está muito feliz: "roubar é feio, roubar de criança é horrível".

Deixemos claro, nada está provado contra Capez. Como não há nada provado contra a presidenta Dilma. E ela, ao contrário de Capez, merece ainda mais o exercício da dúvida, porque nunca foi citada, como ele. E Capez, todo garboso, com sua camisa da seleção, a acusa de corrupção. Então, não pode reclamar da Gaviões.

Os cartolas que dirigem os clubes, que são "donos" da paixão brasileira (há quem diga que seja a segunda paixão brasileira) são cúmplices de violência e de assassinatos.

Eles dão dinheiro para as organizadas. Dão dinheiro para o carnaval. "Apenas R$ 150 mil", diz o Leco.

Mais que dinheiro, os dirigentes dos clubes permitem que as organizadas sequestrem os símbolos dos clubes. Permite que faturem milhões. Não cobram nada. Permitem que ganhem muito dinheiro e, com ele, comprem até armas – quem duvida – que espalham mortes e terror pelos campos, pela cidade e por Oruro.

Assim, com tamanha cumplicidade, não consigo aderir à sensata tese dos amigos Rodrigo Vessoni e Vitor Guedes. Eles defendem punição aos bandidos e não aos clubes. Parece acaciano. Mas como a PM não serve para dar paz à população e como os cartolas são cúmplices, eu não concordo não.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.