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Casemiro, Ganso, Pato, Jadson....Como são ruins os nossos "professores"!

Menon

04/04/2016 10h06

O nível dos atuais treinadores brasileiros é fraco. Qual a contribuição que deram ao futebol mundial? Lembremos que Vicente Feola surpreendeu e 1958, escalando Zagallo na ponta-esquerda, em um 4-3-3 muito moderno, que o próprio Zagallo montou uma seleção sem centroavante em 1970 e que Telê apostou em muita rotatividade, com deslocamentos e volantes – Falcão e Cerezo – de altíssimo nível técnico. Há ali algo de Guardiola, muito tempo antes. Por favor, vira-latas, eu disse algo, não disse tudo, não disse que Guardiola plagiou Telê e nem que a seleção de 82 é a gênese do Barcelona.

De uns tempos para cá, os treinadores brasileiros atuam em forma de manada. Todos seguem, bovinamente, uma ideia que nunca é original, que nunca foi criada pelo próprio rebanho. Há uma década, era o 3-5-2, depois o 4-4-2 e agora o 4-2-3-1. Ninguém sai do ramerrão. A exceção é Tite, com seu 4-1-4-1 com Elias. Não é ideia dele. Há pouca ousadia, como no último clássico, quando Cuca montou um 4-4-2 (tão esquecido, tão "old school") que permitiu a Gabriel Jesus jogar com mais liberdade e deu um nó em Tite.

E mesmo para quem copia, os nossos "professores" estão ultrapassados. As novidades demoram a chegar. Ninguém tenta copiar Bielsa ou Sampaoli, técnicos inovadores. Alguém aí escala o time no 3-4-3?

Há alguns casos recentes de falta de talento, paciência e excesso de arrogância dos treinadores que levaram os seus empregadores a sofrerem grande prejuízo.

1) Casemiro – Campeão da Copa São Paulo em 2010, era um dos destaques do time, ao lado de Lucas. Foi levado ao time de cima. Atuou por 112 partidas e fez 11 gols. Foi treinado por Milton Cruz, Sergio Baresi Carpegiani Adilson Batista, Leão e Ney Franco. Nenhum deles conseguiu descobrir a melhor posição para ele. Falavam em primeiro volante, segundo volante, meia e até quarto zagueiro. Nunca teve continuidade.

Um dia, após vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians, chorou na saída do campo. Disse que não era entendido e que não recebia o mesmo carinho de Lucas. Aquilo me soou como insegurança e quase um pedido de socorro de um jovem de 20 anos. Para muitos, foi sinônimo de máscara. Fácil julgar quem tem 20 anos. E lá se foi Casemiro para o Real Madrid B. Jogou bem. Foi para o Porto. Jogou bem. Voltou para o Real Madrid A e jogou muito. Detalhe: desde o primeiro treino, foi definido que ele seria primeiro volante. Perceberam na hora o que não se viu aqui. E o São Paulo vendeu uma revelação por pouco dinheiro.

Com ajuda da torcida, que o vaiava como havia vaiado Kaká há alguns anos. Hoje, não há dúvidas que, abaixo de Kaká,  Casemiro, ao lado de Lucas, é a maior revelação do clube nos últimos 20 anos. E só um foi aproveitado. Só um deu lucro.

2) Ganso e Jadson – Quando Ganso foi contratado, perguntei a Ney Franco se ele jogaria ao lado de Jadson. E ele, com a certeza que é comum aos gênios e aos imbecis, disse, sem nenhuma indecisão, sem nenhum medo de errar, que havia um lugar apenas para eles. Os dois disputariam posição no seu 4-2-3-1. Nunca pensou em mudar de esquema, nunca pensou em abrir mão de princípios para colocar os dois em um mesmo time. Jadson não gostou de perder o lugar, descuidou-se do físico, não teve uma atitude profissional. E foi para o Corinthians, onde Tite o colocou ao lado de Renato Augusto. Se deu certo com Renato Augusto, por que não poderia dar certo com Ganso?

3) Pato – No São Paulo, com Osorio, Pato jogou muito bem pelo lado do campo, entrando em diagonal. Como Ribery e Robben. Novo recado aos vira-latas: não digo que ele seja igual ao francês ou ao holandês; apenas que ele rendeu bem – 26 gols no ano – no mesmo estilo. E no Corinthians? Independentemente de ficar marcado pelo ridículo pênalti contra Dida, independentemente de não ter o perfil que o corintiano gosta, a verdade é que Tite, o badalado Tite, não conseguiu fazer com que ele jogasse. Não conseguiu achar um lugar no time para ele. Como Osorio fez.

Há muitos exemplos. Marcelo joga no Real e é reserva do limitado Filipe Luiz, no time de Dunga.

Há muitos exemplos. Cada um deve lembrar do seu.

Treinadores ultrapassados e sem luz própria são sinônimo de dinheiro perdido. E, muito pior, são uma das causas do atual momento do futebol brasileiro, totalmente sem ideias. Ou alguém duvida que um treinador antenado não faria um bom time com esses mesmos jogadores chamados por Dunga?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.