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Menon

Santistas não querem mais do mesmo

Menon

24/04/2016 23h47

O texto abaixo é de meu amigo Chico Silva, mortadela da melhor qualidade.

Antes de mais nada gostaria de pedir desculpas pelo atraso do texto ao meu amigo Menon, a quem agradeço pelo convite de ocupar seu nobre e "bombado" espaço. Depois dos pênaltis tive que baixar a tensão no boteco do Calixto. Acabei me empolgando no papo com os rivais derrotados e perdendo o horário do "fechamento", que nos velhos jornais impressos era o prazo final para a entrega das matérias. Mas vamos ao que interessa.

O futebol é mesmo um esporte estranho. Mas esse estranhamento é que o faz fascinante e desesperador. Você já deve ter lido isso em algum lugar…

Até o Dalai Lama sabe, como eu não sei, mas ele sabe, que desde a final do Paulista do ano passado o Santos tem um time melhor que o Palmeiras. E mesmo assim, e acho que isso nem o Dalai Lama consegue explicar, sofre como um escravo egípcio em cada segundo de jogo contra aquele que se tornou seu maior rival de um ano para cá. Foram cinco jogos decisivos em treze meses. Em todos tinha certeza que ganharíamos fácil em casa e, no máximo, empataríamos fora. Como se percebe minha vocação para vidente é questionável.

Confesso que estranhava a calmaria do jogo de ontem. Comparado aos últimos parecia um passeio de pedalinho no Guarapiranga. Tudo estava tão tranquilo que eu, meu cunhado e meu primo, dois coxinhas e um mortadela, falávamos calmamente sobre mercado financeiro e cotação do dólar no momento em que David Braz e Gustavo Henrique resolveram presentear o Rafael Marques. Pensei que havia sido coisa de anfitrião gentil, que quer fazer as pazes depois de alguns arranca rabos. Mas um minuto depois a cortesia viraria agonia. A cabeça do Rafael Marques me fez reviver alguns dos meus piores pesadelos recentes. Imediatamente surgiu na retina a nefasta imagem do Nilson. Que o Japão o tenha.

Mas o que o futebol dá ele também sabe tirar.  Coube ao mesmo Fernando Prass, ao mesmo tempo heroi e vilão do título da Copa Brasil, nos colocar na oitava final seguida de Paulistão, também conhecido como Paulistinha pelos recalcados. Eu sinceramente não derramarei meia lágrima de tristeza se o Audax levar. Estou cansado de ver o Santos ganhar o estadual e tirar férias no segundo semestre.

A inesperada exceção foi o ano passado. Mas também não irei torcer pelo time do velho amigo Vamp de tantas jornadas e do Fernando Diniz, meu colega de faculdade. Ele na psicologia e eu no jornalismo. Mas se o Audax levantar a taça será um prêmio a quem entendeu que futebol e chutão não deveriam combinar. Se o Santos for campeão vou abrir uma lata de cerveja e correr para o cinema. Prometi a mim mesmo que só voltaria a comemorar Paulista quando ganhássemos um Brasileiro ou Copa do Brasil. E promessa dada é promessa cumprida. Mas que dê Santos!

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.