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No país da Olimpíada, Zezé di Camargo vale mais que Wlamir Marques

Menon

16/05/2016 18h02

Wlamir Marques é bicampeão mundial de basquete em 1959 e 1963. Ganhou duas medalhas de bronze nas Olimpíadas de 1960 e wlamir1964, quando carregou a bandeira do Brasil. Foi indicado ou se indicou – não sei bem e nem interessa – para ser um dos 12 MIL BRASILEIROS QUE CARREGARIAM A TOCHA OLÍMPICA em sua passagem pelo Brasil. Recebeu um email da SAMSUNG dizendo que sua indicação estava sob análise.

Diante dessa vergonha, Wlamir fez o que um homem de fibra faria e recusou a indicação.

Se Wlamir Marques, um dos três maiores jogadores da história do Brasil, ao lado de Amauri e Oscar, não pode carregar a tocha olímpica, quem pode?

Zezé di Camargo e Luciano. Carregaram por Goiás. Paula Fernandes, em Minas.

Evidentemente que a tocha não deve ser carregada apenas por atletas. Ela deve reunir pessoas que mostrem um panorama do povo brasileiro. Empresários, trabalhadores, ribeirinhos, jornalistas, pretos, brancos, amarelos, favelados…. Mas, se temos 1400 atletas olímpicos, TODOS deveriam ter essa honra.

Muitos deles estão conseguindo apenas depois que a jornalista e professora Kátia Rubio, autora do monumental livro Atletas Olímpicos Brasileiros – obra que levou 15 anos a ser concluída – fez uma campanha nesse sentido. Nem todos foram chamados, como é o caso de Wlamir. Outros, passaram por vergonha semelhante, embora tenham sido acolhidos.

Silvia Luz, também do basquete, foi medalha de prata em Atlanta-96 e bronze em Sydney-00 e Anselmo Gomes, do atletismo em 2008, foram aceitos com uma pequena condição: só há vaga para o Amazonas e eles teriam de arcar com os custos da viagem.

Ou seja, o atleta que representou o Brasil com todas as suas forças, tem de pagar para carregar a tocha olímpica. É menos que Zezé di Camargo, Luciano, Paula Fernandes e o cunhado da tia de algum diretor da Globo, da Band, do Bradesco, da Samsung….

É assim, o esporte olímpico no Brasil.

Tudo por dinheiro. Tudo por ego.

E há a busca insana por dez medalhas de ouro, que poderiam garantir um lugar entre os dez mais na tábua. Ou ainda, 30 medalhas no total. E, para isso, se faz a trampa das falsas naturalizações.

Uma húngara de 38 anos se naturalizou para participar da equipe brasileira de esgrima. A repórter Carol Knoploch mostrou que há muitas suspeitas sobre ela. Inclusiva uma brasileira que foi preterida, questiona a veracidade de seu casamento com um brasileiro. Para que? Vai fica em que lugar; 30, 40, 18? O que vai acrescentar à esgrima brasileira.

O polo aquático naturalizou um goleiro que nunca apareceu no Brasil. Deve achar que o Rio é a capital. Ou que Michel Temer foi eleito na urna. O que ele trará de bom para nosso esporte, mesmo que ganhe uma medalha.

Vamos fazer como o Catar, que naturalizou 12 jogadores e se tornou vice-campeão mundial de handebol?

Não há nenhuma vantagem nisso. Nenhum acréscimo às nossas qualidades esportivas.

A escolha de Zezé di Camargo, Luciano e Paula Fernandes para carregar a tocha, pelo menos tem uma grande vantagem: impedirá que eles cantem na abertura da Olimpíada.

PS1 – A informação sobre a Samsung foi obtida em uma postagem de Wlamir Marques em seu facebook. Segue:

Meus queridos amigos e amigas.
Quero deixar bem claro que o fato de eu não ter aceito
desfilar com a tocha olímpica, não foi por falta de convite.
Muito ao contrário, pois recebi total atenção do COB e
da Prefeitura de São Paulo, acreditando que a desfeita
ao meu nome tenha sido da Samsung, patrocinadora do
evento. Não preciso dizer que essa empresa está alheia
as coisas do nosso esporte, ocasionando não somente à
mim esse tipo de inconveniência. Cito esse fato apenas
à título de esclarecimento e, sem qualquer tipo de mágoa
ou rancor. Agradeço ter sido lembrado, mas prefiro ficar
de fora, sempre prestigiando os esportistas que lá estarão.
Abs,wm.

 

PS2 – Reproduzo a seguir, o email que recebi da assessoria de imprensa da Samsung:

"A Samsung informa que é patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos 2016 no Rio de Janeiro. A marca não patrocina a Tocha Olímpica e sua passagem pelas cidades brasileiras. Desta forma, não possui ingerência na escolha dos representantes que carregam a tocha".

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.