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Luiz Cunha caiu por falta de apoio à base. Na opinião dele

Menon

07/06/2016 12h19

Luiz Cunha deixou o cargo de diretor de futebol do São Paulo por não concordar com a contratação de Cueva. Ele queria todo o foco na vinda de Maicon. O que nos leva a três perguntas:

1) O São Paulo não tem dinheiro para contratar os dois?

2) O São Paulo tem dinheiro para contratar os dois e Cunha não foi avisado disso.

3) O São Paulo tem dinheiro para contratar os dois – e mais dois, como Bauza falou – e Cunha não quer contratações.

Eu aposto na terceira opção.

No São Paulo, entre diretores e torcedores, há uma fé cega em que todos os problemas do time serão resolvidos com jogadores da base. É algo que vem de longe. Em 2010, Juvenal disse que, em um ano, os 11 titulares seriam jogadores da base.

É lógico que, no futebol de hoje, a base é cada vez mais importante. É lógico que um clube como o São Paulo, sem caixa e com dívidas, tem de apostar em seus garotos.

O que não é lógico é apostar na panaceia da base. Pensar que ali está a salvação técnica do elenco.

Luiz Cunha é um defensor da tese. Quando perguntei a ele sobre um substituto para Calleri, ele disse que não seria preciso. Kardec assumiria o posto e Pedro estava ali, para ser a opção. Ora, Pedro era reserva no sub-20. Reserva de Joanderson, sobre quem eu tenho muitas dúvidas.

Ele é defensor exacerbado de Luiz Araújo, o artilheiro do sub-20 no ano passado e que disputou algumas partidas pelo Novorizontino. Vê o jogador como pronto. E, tenho certeza, vê Cueva como um entrave à ascensão de Luiz Araújo.

Ou seja, a tal integração da base com o profissional pressupõe caminho aberto para que os jovens cheguem e joguem. Não pode haver dificuldades maiores para eles. Eu considero um erro. Se Luiz Araújo treinar melhor que Cueva, jogará. Bauza e nenhum outro treinador vai escalar o pior. Se Luiz Araújo sentir-se intimidade e jogar menos que Cueva, fica de fora.

A integração deve servir ao clube, ao elenco, ao time. E não aos garotos da base.

Eles devem subir. Muitos merecem. E, em cima, mostrar seu valor. Futebol não é como medicina ou engenharia, onde um bom aluno será um bom profissional. Futebol de base é diferente. As dificuldades de se confirmar o sucesso são muito diferentes. Lembremos de Ademílson, um goleador implacável na base. Um fenômeno. Subiu para o profissional e não cresceu. Enfrentou zagueiros maiores e mais rápidos do que os de seu tempo na base e não deu certo.

E a base, com cuidado, tem sido utilizada. No último jogo, estavam em campo ou no banco os seguintes jogadores: Auro, Lucão, Lucas Kal, Matheus Reis, João Schmidt, Artur, Lucas Fernandes e Luiz Araújo.

Eu duvido que a contratação de Cueva impossibilite a confirmação de Maicon. Se isso acontecer, será um erro enorme de Leco.

O grande mérito de Luiz Cunha foi a recuperação de Michel Bastos, que estava muito abatido pelos ataques da torcida. Quanto ao resto, era um trabalho em construção. Ele não deveria ter interrompido, por compromisso ético e emotivo com jogadores da base. Com sua saída, a integração continuará?

LEIA AQUI a entrevista em que ele defende Luiz Araújo, Militão, Artur, David Neres, Murilo e outros

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.