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São Paulo acertou. Corinthians errou

Menon

23/06/2016 00h13

A noite contou histórias de dois jovens jogadores. Os seus sonhos se tornaram mais distantes.

Getterson falou muito. Escreveu muito. Declarou seu amor ao Corinthians e agora só terá uma chance de jogar em um grande paulista: o seu amado Corinthians. Aos 25 anos, depois de mostrar bom futebol no Paraná, foi apresentado no São Paulo. Descobriu-se então que há três anos ele havia chamado o time de "bambi" e declarado sua paixão pelo Corinthians.

BLABLABLAPedro Henrique chorou muito. O passe errado que deu para Cássio chegou aos pés de Casares, que marcou o segundo gol do Galo. Pelado Lopez, um amigo que estava em casa, corintiano até a raiz do cabelo – metaforicamente falando – ficou tão triste com o azar do garoto que torceu para que o Corinthians não marcasse nenhum. Não queria que o menino ficasse culpado pela derrota.

E foi o que ocorreu, após o gol de Luca. O choro foi uma das imagens marcantes do Brasileiro. E a solidariedade de jogadores rivais – Fred, Robinho e Datolo – foi marcante. O sonho de Pedro Henrique ficou mais longe. Dificilmente conseguirá ser titular agora, após o erro. Terá de amargar o banco por um bom tempo, talvez sair do clube para voltar mais cascudo e pronto para dar um bico lateral.

O São Paulo acertou no caso Getterson. Os clubes brasileiros são joguetes na mão de empresários. Eles decidem aonde seus craques irão jogar. Wagner Ribeiro praticamente obrigou o Corinthians a fazer um contrato de cinco anos com Lulinha. Terminou o ano passado. E ele ganhava R$ 170 mil mensais..

Então, é importante quando um time se dá ao respeito. Exige respeito. Como aceitar um jogador que debochou do clube? Como aguentar a torcida que odeia o Corinthians? E se Getterson perdesse um pênalti contra o Corinthians? Não daria certo. E, além disso, há a questão do princípio. O clube precisa ser valorizado, não pode aceitar quem o ofendeu.

Getterson perdeu a chance da vida. Eu sinto por ele. Todos erram na vida, mas o São Paulo não tinha outra saída. Acertou.

E quem errou muito foi o Corinthians. O time está mal, apesar de haver sofrido um gol em impedimento claro. O empate até poderia ser justo porque o Galo também não é uma maravilha. Mas é bom lembrar que foi a quarta derrota em dez jogos. No ano passado, foram cinco em 38 jogos.

O ataque é fraco. Não há um centroavante. André e Luciano não convencem. Mas é possível ter um bom ataque sem centroavante. Não é o caso. O time não agride pelas laterais, Guilherme foi uma nulidade e os volantes não pressionaram o Galo.

Nem todo dia tem pão quente, dizia minha avó. Para nós, garotos do TG 02-269 era sempre dia de pão quente. Cadete, nosso amigo, era padeiro na Padaria Central. A gente saía à noite e de madrugada passava por lá. Sempre havia pão quente e manteiga.

Desculpem a lembrança. Queria dizer é que o Corinthians nem sempre irá conseguir a reformulação do ano passado, de tanto sucesso. É difícil manter o nível com tanta gente saindo.

O elenco tem falhas e precisa de reforços.

Quem sabe, o Getterson.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.