Topo

Menon

Neymar é segunda linha no ranking do amor e do patriotismo

Menon

25/06/2016 09h50

bale3Uma seleção nacional de futebol representa um país? Ou representa apenas o futebol de um país?

O ideal para as boas relações humanas seria a segunda opção. Uma disputa renhida, uma festa, mas também diversão. Mas vá dizer isso aos uruguaios. No meu livro "Tricolor Celeste", Pablo Forlán, pai de Diego Forlan disse o seguinte: "Nós somos um país com apenas 3 milhões de habitantes. Três gatos loucos, como dizemos. Não somos um país essencialmente industrializado. Exportamos carne, leite e jogador de futebol. Cada jovem que sai é importante para as nossas divisas. Então, quando entramos em campo com a Celeste, nós somos o Uruguai. Sem dúvida".

A relação é maior em época de conflitos. Maradona destruiu a Inglaterra em 86. A mesma Inglaterra que havia humilhado a Argentina quatro anos antes, na Guerra das Malvinas. Cada gol gritado era apenas um gol gritado? Era só futebol?

O sentido de nacionalidade fica explícito entre galeses e Gareth Bale. Gales faz parte do Reino Unido, Cardiff depende de Londres, a liga galesa de futebol foi criada apenas em 1992 e o clássico Swansea x Cardiff é realizado na Premiere League. Então, quando o jogador mais caro do mundo define ser galês, leva a seleção galesa à Eurocopa e faz gol nos ingleses, meu amigo, não é só futebol. É a reafirmação da nacionalidade.

Maradona foi a argentina contra os ingleses.

Messi caminha nesses dias para conseguir o amor dos argentinos. O respeito já havia, afinal ele não aceitou ser espanhol. Admiração, também; afinal até eu, que sou mais bobo admiro o futebol de Lionel Andrés. O amor está vindo. Não foi um amor arrebatador, não foi uma paixão, mas assim que vier um título – que pode ser contra o Chile – ele se instalará no coração dos argentinos, que, felizes da vida, dirão que tem os três melhores jogadores da história: Di Stefano, Maradona e Messi. Na verdade, eles acham que tem os 100 melhores…

Cristiano Ronaldo é o maior jogador do mundo. Para todos os portugueses. Ele tem bola que justifique toda essa admiração, mas também há ali o ingrediente Nação. Portugal teve seu grande jogador nos anos 60, com o moçambicano Eusébio. A Pantera Negra. Artilheiro da Copa de 66. Depois, teve Luis Figo, que brilhou no Barça e no Real Madrid. Mas com o garoto da Ilha da Madeira é diferente. Com Eusébio e Figo, Portugal entrava nas competições sonhando em surpreender. Com CR7, entra pensando em título. Ele não vem, ainda não veio, provavelmente não virá. Cristiano começou a carreira em um time chamado Andorinhas e, todos sabemos, uma andorinha só não faz verão.

E Neymar? Joga muita bola, mas não é símbolo de Pátria e não é amado.

Nem toda culpa é dele. O brasileiro não ama a sua seleção. Nossa torcida não tem tradição e nem um grito de guerra. E, desculpe meu sociologismo barato, também não tem um senso de amor à Pátria como outros países. Prefere torcer por seu time e grande parte de nós todos coloca a culpa de seus fracassos no país e não em si mesmo. Em vez de lutar por um país grande, fazem de tudo para viver em Miami e Orlando.

Mas e o outro lado?

Como amar Neymar, um cara que joga muita bola, mas que parece viver a síndrome de Peter Pan somado com funkeiros e rapeiros famosos.

Fora de campo, uma criança eterna, vivendo em eterna ostentação.

Dentro de campo, um craque espetacular, mas que adora pular, fingir faltas e que não tem dignidade nas ações. Sabe o rúgbi? O cara se mata em campo, dá murro, sangra, faz sangrar e depois vai para o pub? Meio idealizada essa descrição, mas tem verdade nela. Neymar, não. Quando ganha, quer humilhar com jogadas insossas. Quando perde, quer brigar.

O brasileiro não se identifica com o arquétipo Neymar: mimado, fingidor e arrogante.

Talvez tenhamos futuro como Nação.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.