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Fim dos mitos: Libertadores, Bombonera, camisa que ganha jogo...

Menon

15/07/2016 09h50

independiente1A inesperada final entre o colombiano Nacional de Medellin e o equatoriano Independiente del Valle é um fato que deve marcar época. Ele destrói conceitos do passado, clichês baseados em orgulho e falta de informação e aponta para o futuro. Quem olhar, analisar e planejar – baseado no dado de hoje – vai se dar bem. Quem ficar de mimimi e chororô, continuará de mimimi e chororô.

Os clichês que foram destruídos?

1) Libertadores é outro tipo de competição – Repetimos e ouvimos isso tantas vezes… Como se os títulos tivessem de ser baseados em pontapés, murros, pressão de torcida e pressão sobre árbitros. Como se fosse impossível ganhar jogando um futebol com base em troca de passes, em ultrapassagem pelos lados, em dribles. A América do Sul é o continente dos grandes craques e dizer que sua principal competição deve ser vencida na base do pragmatismo é uma redução muito grande. É lógico que o Estudiantes venceu com a escola Pachamé-Billardo, mas e os outros. Pense em um campeão que te marcou e perceba como jogava bem. Tite, Riquelme, Neymar, Marcos, Ceni… Muitos craques venceram a Libertadores. Há esta opção. Não podemos ficar atados a um modo de vencer. Não é o único. Tite errou, por exemplo, ao abdicar de jogar fora de casa. Lutou por um empate sem gols em Montevidéu, com certeza de vencer em casa. E perdeu.

independiente22) Camisa ganha jogo – O Independiente del Valle chegou à primeira divisão do Equador em 2010. O ano do centenário do Corinthians. O São Paulo já havia conquistado três Libertadores e três mundiais. O Independiente, com seu campo para 10 mil pessoas, assumiu o lema: "futuro campeão do Equador", mostrando que tinha sonhos. E pode até ganhar um título muito mais importante. Até hoje, suas principais conquistas são: vice-campeão equatoriano em 2013 e campeão da segunda divisão do Equador em 2009. E esse clube eliminou River Plate e Boca Jrs. Eliminou jogando bem, de acordo com suas forças, defendendo e contra-atacando. Jogando futebol, não acreditando em mitos e destruindo mitos.

3) Bombonera joga – Isso já havia sido duramente contestado pelo Paysandu há 13 anos. No ano passado, a Bombonera serviu para eliminar o Boca depois daquela cafajestice do gás de pimenta. Está claro: se o Boca não jogar, a Bombonera não joga.

4) Favoritismo brasileiro – A cada ano, a cada sorteio, nos colocamos como favoritos e apontamos o Boca como o único a nos impedir a vitória. Não serei cínico de dizer que eu sabia que o Independiente chegaria à final. Também apostava no Boca. Mas o conceito foi quebrado. Há três anos não ganhamos. Há três anos estamos fora da final. Esse clichê tem a ver com outro: "Eurocopa é a Copa do Mundo sem Brasil e Argentina". Os últimos resultados apontam para outra frase, mais justa e também errada: "Eurocopa é Copa do Mundo sem Chile e Argentina".

5) Catimba – Ainda há quem procure explicar o fato de o Nacional de Montevidéu ter 66,7% de aproveitamento contra Corinthians e Palmeiras (duas vitórias e dois empates) à catimba, à violência, como se nossos jogadores fossem virgens sequestradas por ogros. Já ouvi falar em catimba do Boca e não de Riquelme do Boca.

6) Eles são selvagens – Lembremos da morte de Kevin, lembremos da PM batendo em jogadores argentinos no Horto, lembremos da torcida do São Paulo invadindo o campo após o título da sul-americana. Não cito a briga no vestiário do Tigre por não saber se a culpa foi exclusivamente do São Paulo ou dos argentinos.

7) Libertadores – Este é o grande mito a ser derrubado. É mesmo a competição mais importante? Vale a pena apostar tudo nela, montar um time só para ela, apostar todas as fichas nela, escalar time reserva no Brasileiro? Se vale, que os clubes se unam para melhora-la. Exigir respeito nos estádios, exigir árbitros honestos, exigir mudança no calendário para que não corra paralelamente ao Brasileiro.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.