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Menon

E se Edgardo Patón se chamasse Edgar Pezão? Alguém choraria por ele?

Menon

24/07/2016 18h39

O São Paulo perdeu para o Grêmio. Foi a 17ª derrota no ano. O time jogou 47 vezes. Venceu 18 vezes. E mais 12 lagrimaempates. O que significa um aproveitamento de 46,8%. Menos da metade.

Os números são constantes. No Brasileiro, seis vitórias, quatro empates e seis derrotas. Exatamente igual ao Paulistão. Na Libertadores (incluindo o Cesar Vallejo), foram cinco vitórias, quatro empates e cinco derrotas. E ainda há uma vitória sobre o Cerro Porteno, no início do ano.

E os gols? O time marcou 57 vezes e sofreu 48 tristezas. O placar médio dos jogos do São Paulo é 1,21 x 1,02. O símbolo do aborrecimento, da falta de emoção.

Com números assim, o que justifica o desespero de parte da torcida com a provável saída de Bauza. Por que o treinador é considerado intocável por parte da torcida?

Só há uma explicação e ela não se sustenta, a meu ver.

O São Paulo foi mais longe que Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Galo na Libertadores. Entrou como patinho feio e teve um resultado que o clube não tinha há tempos.

Parabéns. Mas e o futebol apresentado?

Quando se argumentava com a falta de bom futebol e a falta de bons números, a resposta era sempre a mesma: "com o Patón é assim mesmo, ele não ganha fora de casa". Sim. E daí? O que me parece um erro, soa como grande mérito.

Acabou a Libertadores. O São Paulo está fora. E o que sustenta a paixão por Bauza?

O juiz roubou nos dois jogos? Muito simplista, não? Vamos esquecer o erro do treinador no primeiro jogo?

O São Paulo agora tem espírito, é um time aguerrido e que não se entrega. É verdade. Mas não se entregar não é suficiente. Sofrer na derrota é importante, mas vencer é muito mais.

A diretoria não deu quem ele queria, houve contusões e saídas na janela. Sim, mas com os ovos que tem, era possível fazer uma omelete muito melhor do que o que se vê.

Tem utilizado a base? Sim, com mais frequência que os outros.

E o jogo contra o Grêmio?

Amigos, um treinador pode ser analisado por seus conceitos, por sua moral, por sua postura, pela maneira como entende o futebol, pelo legado que deixou, mas tem de ser analisado também pelos problemas específicos que o jogo lhe reserva. O problema está ali. Tem de resolver.

Era evidente, desde os primeiros dez minutos que Maicon, Douglas e Negueba passeavam em frente da zaga do São Paulo. E olha que os dois primeiros são lentos. Vinham tocando, tocando e não eram incomodados por Wesley e Thiago Mendes.

O problema estava ali. Se não fosse resolvido, o São Paulo perderia.

E Bauza não fez nada. O time se aguentou por 45 minutos. E…voltou igual. Nenhuma substituição.

João Schmidt, por exemplo, em lugar de Centurión, esse mistério bauzistico. Ou, se Schmidt ainda não tem boas condições físicas, Lyanco no meio, como Osorio chegou a fazer. Era preciso fazer algo. O Grêmio chegava com a facilidade de uma faca quente na manteiga.

Nada foi feito. Até que veio o gol.

Então, com a porta arrombada, ele desistiu de vez de ter uma tranca.

Tirou Gilberto e colocou Kelvin, com Centurión no meio.

Não deu certo. Tirou Centurión e colocou Pedro.

E o Grêmio continuou chutando. Foram 11 chutes no gol. E mais 15 para fora. É lógico, havia um espaço enorme para ser trabalhado. O São Paulo chutou oito. Todas tentativas fora do gol.

Patón tem currículo e é bom treinador. Mas sua passagem pelo São Paulo é muito ruim. Se ele se chamasse Edgar Pezão não teria tantos defensores.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.