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Menon

Três heróis improváveis do campeão Palmeiras

Menon

27/11/2016 17h45

tresporquinhosNo ano passado, Alexandre Mattos foi às compras com vontade. Muitos e muitos jogadores, alguns até como forma de "pedágio" a empresário, algo comum e necessário a todos os clubes. Em 2016, também não faltou dinheiro e disposição, mas as compras foram mais específicas, mais pontuais. E três delas se revelaram um sucesso incrível. Três heróis improváveis do merecidíssimo título palmeirense.

Jaílson, que eu chamo de Pantera Negra, foi a maior delas. G0leiro veterano, sem currículo expressivo, veio ao Palmeiras para ser o terceiro goleiro. Era reserva no Ceará. E, uma digressão, vemos aqui como é importante um clube grande ter um grande elenco. O Palmeiras tem três jogadores para cada posição. Só para lembrar de Arouca, contratado com grande nome e de Mateus Salles, destaque no ano passado, que nem são lembrados hoje. Mas, voltando a Jaílton, veio e assumiu a bronca quando Prass se contundiu e quando Vagner falhou.

Prass vai voltar e assumir o posto de titular. Jailson, porém, já inscreveu seu nome na história palmeirense, como alguém que apostou em seus sonhos e os concretizou. Ele pode, agora, escolher entre ser uma sombra para Prass ou buscar o sucesso como titular em outro time. Tem o poder de escolha, o que para ele, era apenas um desejo maluco.

Tchê Tchê é o menos improvável dos três heróis improváveis. Afinal, é enorme a lista de jogadores que se destacam em um time menor e são contratados para um grande clube. De cabeça, eu me lembro de Leão, Eurico, Luis Pereira, Baldocchi, Dudu, Nei…. O que impressiona nele é a rapidez com que assumiu a camisa de titular. Mais ainda. A rapidez com que se transformou em destaque do time, mostrando um futebol moderno, de contenção, bom passe e chegada ao ataque. O futebol moderno aponta para a extinção (exagero?) do jogador de meio campo com função específica. O volante cão de guarda. O armador talentoso e preguiçoso. Espera-se do meio-campista que seja "todocampista", com, no mínimo, dinâmica e bom passe. E a revelação do Audax transformou-se rapidamente em confirmação do Palmeiras.

Moisés foi outra grande surpresa. Com passagem em muitos clubes, sempre mostrou força e vontade, mas nunca foi protagonista. No Palmeiras, com um canhão nos braços, com uma projeção vertical impressionante e com a mesma vontade de sempre, foi o grande destaque do time. Para mim, foi o grande destaque do Brasileiro. E sem que se possa dizer com desdém, se o Moisés foi o melhor, que bela porcaria foi o campeonato. Ele foi o melhor, o que dignifica, de certa forma, o Brasileiro. Um jogador que sua é muito importante nos dias em que vivemos.

Outras contratações muito boas fizeram o Palmeiras campeão. Roger Guedes é o mesmo caso de Tchê Tchê. Jean é um jogador muito regular há anos. Nunca tira menos que seis. Alecsandro é um matador, algo que, para mim, inexplicavelmente é pouco valorizado. E há outro herói improvável e que deve encher o palmeirense de orgulho. Gabriel Jesus e a prova que a base do Palmeiras existe. Está aí para ganhar títulos e encher os cofres do clube.

Parabéns ao Palmeiras. Por seu título inquestionável e por seus heróis improváveis, frutos de uma ótima política de contratação.

PS  – Peço desculpas aos leitores por haver chamado Jailson de Jaílton. Minha memoria afetiva me traiu. Estava pensando em Jailton, meu velho e finado amigo, mestre sala da Vila Braga, escola de samba comandada pelo senhor Ferreira, lá em Aguaí. O erro não tem desculpas, mas mostra ainda mais o valor de Jailson. Sua ascensão, tão justa e tão meteórica, surpreende até jornalistas que deveriam estar atentos a tudo. Desculpas a todos. Ah, e eu sei que ascensão meteórica é um clichê absurdo, principalmente porque ninguém viu ou verá um meteoro subir.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.