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Lusa vence em dia de presidente-bilheteiro e de atacante que muda de nome

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29/01/2017 13h39

Alexandre Barros: o presidente que virou bilheteiro (foto: Menon)

Barros: o presidente que virou bilheteiro (foto: Menon)

Suando em bicas, como se dizia muito antigamente, o presidente Alexandre Barros, com um blazer azul, olhava preocupado para as filas que se formavam nas bilheterias da Portuguesa. Sim, amigos, fila e Portuguesa na mesma frase, como há tempos. Angustiado, foi até um bilheteiro e pegou um lote de ingressos. E começou ele mesmo a vender, ao lado de policiais. "Não, cartão, não. Hoje é só dinheiro", dizia. A renda foi de R$ 40 mil. O salário mais alto da Lusa é de R$ 15 mil.

Quando se fala em fila na Lusa, é bom relativizar. Havia apenas duas bilheterias, o que colaborava para a lentidão. Público mesmo, foi de 2500 pessoas, metade do que Paulo Sodate, a voz da Lusa, estava pedindo há uma quinzena. Sodate é narrador da Equipe Líder, que compra horário na Radio Tropical. O dono é Alexandre Barros, o presidente que virou bilheteiro.

Ele era muito cumprimentado. Torcedores diziam que ele vesta a camisa, que ama a Portuguesa e que não é como "os outros". Os outros é uma entidade que engloba todos os dirigentes que afundaram a Lusa nos últimos anos.

A Portuguesa é aquele clube que transforma a frase "tem coisas que só acontecem com o Botafogo" em um grande exemplo de como se pode chorar com a barriga cheia. As dificuldades são imensas. O presidente só poderia assinar contratos a partir de janeiro, o que atrapalhou a programação. Durante a Copa São Paulo, em um jogo, ele sentiu uma tontura, caiu e perdeu a visão. Ficou internado por uma semana para se recuperar.

E para formar o time? Tuca Guimarães, o treinador, chamou conhecidos de Santa Catarina. Empresários trouxeram jogadores para testes. Luisinho, da várzea, fez um gol no amistoso contra o São José e não ficou. No banco de reservas, não havia nenhum jogador de defesa. "Só levamos cinco para o banco. Cada um que entra ocupa uma vaga entre os 28 que podemos inscrever. Então, precisa ter cuidado para escolher e para garantir algum reforço depois, diz Tuca.

João Vitor, goleiro de 21 anos, vindo do Flamengo, estava no banco. Foi um presente do treinador Zé Ricardo. "Ele é muito meu amigo e falou das qualidades do menino, que já foi até de seleção de base. Quando acabou o jogo, tinha um recado do Zé Ricardo. Ele disse que viu o jogo com a camisa da Lusa e que comemorou muito o gol", dia Tuca Guimarães.

O gol chegou aos 48 minutos e trinta segundos do segundo tempo. A comemoração se estendeu até o apito final, na saída do Barretos. Foi um gol agônico e que pode mascarar as falências do time, que tem ainda muitas falhas. "O futebol é um esporte multifuncional e nós sentimos algumas falências físicas no final. Houve algumas bolas de transição que não conseguimos concretizar. Mas, mostramos compactação defensiva e tudo pode melhorar com novos jogadores. O importante é um time ter força coletiva. Quem tem força coletiva, pode se dar bem, mesmo se três jogadores estiverem mal", diz o treinador, craque na linguagem moderna.

Foi gol de Bruno Silva. Ou de Brunão. Ele, que veio de passagens pro Votuporanguense e Botafogo de Ribeirão, atende pelos dois nomes. Mas Brunão é totalmente falso. O artilheiro tem fisico de queniano ganhador de São Silvestre. "Eu era chamado de Bruninho, mas virei Brunão. Sou jogador de beirada de campo, mas o Tuca pediu que eu ficasse no meio da área. Veio o cruzamento e eu acertei", explicava após o jogo, no bar em frente do campo, tirando fotos com torcedores e tomando uma água geladinha.

Brunão foi celebrado pelos torcedores (foto: Menon)

Bruno Sheik, o Brunão, foi celebrado pelos torcedores como autor do gol derradeiro (foto: Menon)

Bruno? Brunão? Bruninho? Bruno Silva? Nada disso. Antes do gol, ele era apenas o Dezesseis. Depois, virou Bruno Sheik, pela semelhança física com o outro.

A Portuguesa faz agora três jogos fora de casa. O treinador espera ter 60% de aproveitamento fora do Canindé, ao final do campeonato. Jogadores veteranos como o goleiro Ricardo Berna e o volante Sandro Silva estão à espera da regularização dos documentos. O atacante Rodolfo, artilheiro da competição há três anos, o que lhe valeu uma breve passagem pelo Palmeiras, já pode estrear na quarta, contra o Batatais. E os argentinos Mateo Bustos, meia, e Lucas Basualdo, zagueiro, apenas na quinta rodada.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.