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Túmulo do futebol? Torcida palmeirense reage e faz festa para Borja

Menon

11/02/2017 13h21

vinciusVinícius de Moraes, o genial poetinha-diplomata, um dia, na boate Cave, irritou-se com o palavrório incessante e desabafou dizendo a frase que se tornou imortal: "São Paulo é o túmulo do samba". Frase injusta, no mínimo. Basta lembrar Adoniram Barbosa. Basta ver a pujança dos blocos de rua, basta ver como as escolas de samba melhoram ano a ano. (A caricatura é do Eric)

O samba paulista resistiu ao vaticínio de Vinícius de Moraes. Sofre agora com a tentativa de asfixia dos blocos de rua, comandada pelo poder público. Mas a verdade, entre o desabafo do compositor e a ação do prefeito, distantes algumas décadas,  é que há samba em São Paulo. E ele é vencedor.

As torcidas de futebol resistem à tentativa de transformar São Paulo em túmulo de futebol, como bem disse o amigo Alexandre Lozetti. A mais perseguida é a do Palmeiras. Talvez por ser a mais feliz e a que tem tido mais motivos de comemoração no último ano. Não pode fazer festa na rua, não pode recepcionar seus jogadores na chegada ao seu estádio. Não pode festejar na rua o título ansiado por mais de 20 anos.

E agora, os palmeirenses, tiveram dificuldades em receber Borja, seu novo futuro ídolo e goleador.

Haveria uma recepção enorme no portão 3 de Cumbica. A Infraero proibiu. Determinou que o jogador sairia do aeroporto sem ter contato com a torcida. Como se fosse um bandido algemado. Muita gente desistiu da recepção. Mesmo assim, a quantidade de fiéis verdes era grande. Gritavam e seu grito foi ouvido.

Houve então a mudança para o portão 2, bem menor. Há a possibilidade de a diretoria do clube ter comandado uma intermediação que permitiu o contato torcedor-ídolo, que é o que mantém o futebol vivo, como a grande paixão nacional. Se for verdade, fez muito bem. Paulo Nobre, o antigo presidente, foi a favor do fechamento da rua Palestra Itália e de jogos com torcida única.

Foi um ato de resistência dos bravos palmeirenses que foram ao aeroporto. Deveria continuar sempre, contra promotores mediáticos, gerentes de aeroporto e todo tipo de burocrata que não entende nada de futebol.

Não duvido que a restrição aos palmeirenses se estenda a outras torcidas. A do São Paulo, por exemplo, tomará as ruas que levam ao seu lindo estádio. Haverá mais de 40 mil torcedores incentivando o time contra a Ponte Preta. Uma festa incrível, uma festa de pessoas que amam seu clube e o acolhem em momento difícil. Uma ato de amor que deveria ser incentivado. Esperemos para ver se a acolhida ao ônibus continuará existindo ou se também entrará no index repressor dos promotores. Se um deles estiver acordado no domingo e vir aquela festa, é capaz de, no dia seguinte, proibir tudo. Antes, chamarão as televisões. Afinal, quem não está no BBB, precisa estar na mídia de alguma forma.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.