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Atletiba que não houve é o mais importante da história. Atinge FPF e Globo

Menon

19/02/2017 20h03

Dirigentes de Atlético e Coritiba recebem, no campo, os jogadores dos dois clubes que sobem juntos, alternadamente, como se fossem um  time só, com 22 atletas. Eles se reúnem, abraçados, no círculo central e depois saem do campo. Não haverá o Atletiba.

Tudo começou quando os dois maiores clubes do Paraná recusaram a oferta da Rede Globo de R$ 1 milhão por três anos de campeonato. Sem acordo, resolveram assumir os direitos de transmissão. Decidiram transmitir o grande clássico paranaense pelos canais de youtube de cada clube. Cada um tem em torno de 20 mil inscritos.

Tudo estava certo. Helio Curi, presidente da Federação Paranaense foi avisado. E, poucas horas antes da partida, ele decidiu que não haveria jogo. O argumento é que os jornalistas contratados pelos clubes para fazer a transmissão não estavam credenciados. Os dirigentes correram para resolver o problema e Curi avisou que os operadores de câmera e os funcionários que seguram os cabos também deveriam estar credenciados. Não houve acordo e não houve jogo.

O regulamento prevê que cada clube pode dar um WO no campeonato. Se for definido que houve um WO duplo, não haverá grande punição para os clubes. Os 25 mil torcedores que foram ao estádio não terão o dinheiro de volta. Para 90% deles, não há prejuízo financeiro. Eles pertencem ao programa Sócio Furacão, que dá ingresso livre aos sócios e não abatimentos, como em outros clubes. Os outros buscarão seus direitos no Procon. Certamente acionarão a Federação Paranaense de Futebol e não o clube de coração.

Sem jogo, o Atletiba mostra-se importante por marcar uma tomada de posição contra a federação, que é regida por um regulamento esdrúxulo. Clubes como Capão Raso e Parque Novo Mundo, que praticam futebol amador, nas chamadas ligas suburbanas têm o mesmo peso de voto que os grandes. Se uma cidadezinha pequena tem lá seu campeonato municipal, a liga também tem direito a um voto. Ou seja, a gradação é a seguinte: liga amadora de uma cidadezinha tem um voto; clube que pertence a uma liga maior, tem um voto, Atlético, Paraná, Coritiba e outros clubes profissionais tem um voto.

A união dos dois maiores é uma vitória de quem tem torcida e de quem representa a paixão popular. Ou o presidente do Capão Raso torce para o Capão Raso? E é  a união contra uma federação inexpressiva, uma das tantas que mantém o poder corrupto na CBF.

Se a transmissão for liberada nos próximos clássicos – é uma batalha que continuara – a Rede Globo também será atingida. Os clubes venderão patrocínios para sua transmissão no youtube, poderão até cobrar por ela. Será uma trinca a mais no monopólio global, o segundo, após a briga com  Esporte Interativo, que terá direito a transmitir jogos de alguns times a partir de 2019.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.