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Ze Antonio, uma das quatro vítimas do futebol e da vida

Menon

21/02/2017 05h30

O final de semana teve três vitimas. E a segunda-feira trouxe mais uma.

Camacho é vítima da vida. Do fio que a vida é. Perdeu o pai, ainda jovem, em um acidente de elevador. Nada de queda de avião, nada de assalto, nada de atropelamento. Uma prosaica queda de elevador. Que a dor lhe seja breve, embora intensa. Mas nunca dói menos que um ano. Um abraço a ele, a quem nunca vi.

Daqui a um ano, quando a dor estiver passando, ele já terá enfrentado Moisés. O volante do Palmeiras, o jogador mais importante do clube no Brasileiro passado, sofreu dura contusão no jogo contra o Linense e deverá voltar daqui a sete meses. Um martírio pelo qual já passou no ano passado. Moisés vive o melhor momento de sua vida profissional. Em 2013, ele jogava na Portuguesa, campeão paulista da Serie A-2. Estava em campo na derrota por 7 a 0 para o Comercial. Hoje, está no time que sonha com o Mundial. Está, não. Estará em breve. Que seja o mais breve possível.

Nas duas vezes, Moisés se machucou em lances com o volante Ze Antonio, um dos muitos jogadores que atuam no primeiro semestre preocupado em saber se terá emprego no segundo semestre. Um dos muitos que um dia foi o melhor da rua, o melhor do bairro, o melhor da cidade e se transformou em jogador profissional sem brilho.  Não me lembro da contusão do ano passado, mas a última foi totalmente acidental. Dividida dura e ele chegou primeiro.

Ze Antonio é vítima do esgoto, da cloaca em que haters transformam as redes sociais. Ameaçado de morte, ofendido moralmente. Há pouco tempo, eu bloqueei uma pessoa no tweeter. Um são-paulino que se referiu a Gustavo Vieira de Oliveira como "filho do bêbado". Eu já dobrei o Cabo da Boa Esperança, como se dizia há décadas, e não sou obrigado a conviver, ainda que virtualmente, com uma pessoa de tão baixo nível, que tem ódio escorrendo pela boca.

Que Ze Antonio supere o ódio, que faça um bom campeonato e que tenha emprego no segundo semestre.

A quarta vítima é Rogério Micale. A menor das vítimas. Perdeu o emprego, mas acho muito questionável se houve injustiça. Ele conseguiu uma conquista espetacular que foi a medalha de ouro olímpica, mas não vi grande futebol. E agora, passou por um vexame incrível: ficou em quinto lugar em um hexagonal que dava quatro vagas para um Mundial. Injustificável. Merecia uma nova chance? Sim. Por isso, e apenas por isso, é uma vítima.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.