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Neymar já alcançou Romário e Ronaldo. Nem precisa do pacheco Galvão

Menon

29/03/2017 11h02

Friedenreich, Lieônidas, Pelé, Ronado e Neymar, cinco craques e o genio Batistão, que fez a caricatura

Neymar é o terceiro maior jogador da história moderna do futebol brasileiro. Pós 50. Está o lado de Romário e Ronaldo. Está abaixo de Garrincha, o gênio que nos lembrava a cada toque na bola que futebol é uma brincadeira, é diversão, e Pelé. Pelé, eu não explico. Ninguém precisa explicar.

Na comparação, há um fator contra o craque de hoje. Romário e Ronaldo ganharam uma Copa. Este é um aspecto que eu levo muito em conta quando faço esse tipo de comparação. Eviistdentemente, com a globalização do futebol e com a Liga dos Campeões tornando-se um espetáculo mundial, a Copa perde um pouco o valor de comparação. Ela era, a cada quatro anos, quando os gigantes de reuniam para um tira-teima. Hoje, nem precisa. A cada ano, Messi e Cristiano Ronaldo lutam para ver quem é o melhor. Ninguém pensa em Portugal ou Argentina. Mas, para mim, o Mundial ainda tem muito peso. Ainda mais quando o jogador foi o grande nome da competição e não apenas um coadjuvante.

Por isso, Maradona é melhor que Messi. Por isso, Ronaldo e Romário estão ao lado de Neymar.

Neymar é um mito em construção. Impressiona como ele tem melhorado. Como acrescenta jogadas ao seu repertório. Bate faltas cada vez com mais precisão. Tem feito escolhas decisivas com perfeição. E, como um pai bipolar, varia na hora de fazer gols. Ora, trata a bola com carinho e a empurra suavemente para o gol. Ora, tresloucado, mete-lhe a porrada.

O primeiro gol contra o Paraguai foi de uma beleza suave. Saiu com a bola antes de seu campo, pregado na linha lateral – um passo para o lado e sairia de campo – e caminhou com ela por muitos metros. A bola não veio grudada no pé, como é comum Messi fazer. Ela tinha um pouco de espaço, um pouco de liberdade. Como se fosse um poodle na corrente. Os paraguaios pareciam com medo do que viria, mas também um pouco receosos de interromper a obra de arte que estava sendo construída. Síndrome de Estocolmo.

Neymar é tão bom que torna supérfluo o pachequismo antijornalístico de Galvão. Dizer que foi pênalti é querer enganar trouxa. E que feio dizer que foi justa a punição ao Messi. Um absurdo um jogador levar quatro jogos de suspensão por dar uma dura no auxiliar. E os carniceiros que pululam nos gramados? A Argentina está sendo muito prejudicada nas Eliminatórias. O Chile perdeu para a Bolívia e ficou com três pontos porque os bolivianos utilizaram um jogador irregular. Punição tem de haver, mas dar os pontos aos chilenos desequilibra a competição.

PS – Difícil comparar Neymar, Romário ou Ronaldo com Leônidas da Silva, o Diamante Negro. Grande estrela da Copa de 38, autor de sete gols em quatro jogos,  Leônidas tem a melhor média de gols de um jogador pela seleção, foram 37 anotações em 37 partidas, incluindo jogos contra clubes e seleções regionais. Quando a análise se restringe a jogos oficiais, a média aumenta, com 20 alegrias em 18 duelos.

Foi o primeiro grande fenômeno popular vindo do futebol. Inventou a bicicleta. Foi chamado de Homem de Borracha. Levou uma multidão às ruas da e São Paulo, quando chegou de trem, do Rio, para chegar ao São Paulo, um time que ainda não tinha títulos. Ganhou muitos com ele. Tornou-se grande. Leônidas foi o primeiro gigante brasileiro. Com ele, o Brasil foi terceiro no Mundial e o mundo ficou sabendo que a América do Sul não se restringia a Argentina e Uruguai, finalistas na Olimpíada de 28 e no Mundial de 30.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.