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Chamar goleiro de bicha não é homofobia

Menon

30/03/2017 12h07

O politicamente correto é uma benção. É odiado por aqueles que não gostam de ver mudanças na sociedade e na convivência entre desiguais. Os que foram contra a abolição da escravatura, contra o voto das mulheres adorariam o termo, se ele existisse. Há exageros? Depende do lado da calçada em que você está. Eu não gosto de chamar alguém de afroamericano, mas já não existem cantores negros chamados Bola de Neve, Bola Sete, Blecaute e Noite Ilustrada. Ótimo. Crianças, como no meu tempo, já não chamam amigos de tição, pau de fumo, já não existe jogador chamado Petróleo. Melhor o exagero do que apelidos que degradam a Humanidade.

A luta contra preconceitos fica mais forte quando se define bem o que o inimigo está fazendo. Ela fica mais frágil, por exemplo, quando se chama de homofobia o grito "bichaaaaa" brindado aos goleiros na hora da reposição de bola. Importado das machistas torcidas mexicanas,  não deve ser tratado como uma brincadeira de quinta série, deve ser visto como algo grave, mas homofobia não é.

O grito de bicha é preconceituoso. Ele pressupõe que ser homossexual é errado. Que chamar alguém de homossexual é uma ofensa. O grito é perigoso por incutir este modo de ver a vida em crianças. Ele dissemina uma visão homofóbica da vida. Deve ser combatido, mas homofobia é muito mais grave.

Racismo é humilhar, maltratar, ofender alguém por causa da cor da pele.

Feminicídio é matar uma mulher por ela ser mulher.

Homofobia é humilhar, maltratar, ofender alguém por ser homossexual.

Homofobia é o que a comunidade LGBTT sofre no seu dia a dia, na luta por emprego, na ofensa humilhante, no assassinato, como aquela mãe da cidade de Dumont fez com o filho de 17 anos. Homofobia é pregar a cura gay. Homofobia é o Bolsonaro chamar o Jean Wyllys de bichinha escrota. Ou apenas de bichinha. O exemplo é real, seria errado com outros personagens.

Apenas como comparação. Como reagiriam os que chamam o grito da patuleia de homofobia, se um goleiro tivesse a mesma reação de Aranha, contra o Grêmio, quando denunciou os gritos de macaco, vindos da torcida rival? Se fosse até uma delegacia fazer um boletim de ocorrência? Seria difícil conseguir aquela maravilhosa coesão de luta vista no caso Aranha.

O futebol seria melhor sem o grito de bichaaaaa. Mas dizer que ele é homofóbico enfraquece a luta contra a homofobia, que é crime e viceja fortemente na sociedade brasileira.

Thomaz jogou a Copa São Paulo de 2006 pelo Inter, perambulou pelo Brasil e foi notado agora, com 30 anos, no Jorge Wilstermann, da Bolívia. É uma aposta barata. Se der errado, é a lógica. Se der certo, mostrará como o sistema de captação de jogadores é falho no Brasil. Há muitos outros exemplos. William Arão, por exemplo, esteve no São Paulo (campeão da Copa São Paulo em 2010) e Corinthians. Foi emprestado à Portuguesa, onde jogou bem. E só foi brilhar no Botafogo.

VAMPETA CAIU E não é exagero creditar a ele a péssima campanha do Audax. É muito culpado. Tem falado muito e se dedicado a outras tarefas. Ficou provado que é difícil ser responsável por um clube e trabalhar ao mesmo tempo em uma rádio.

O PAULISTA CHEGA à fase decisiva, com muitas atrações. Jadson, Clayton, Cueva (tomara), Pratto, Renato, Felipe Mello… O Palmeiras é meu favorito.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.