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Rogério Ceni, uma unanimidade que dá lucro ao Fortaleza

Menon

29/05/2018 19h59

No sábado, dia 2 de junho, a Arena Castelão estará lotada. A diretoria do Fortaleza projeta público entre 45 e 50 mil pagantes. Uma renda bruta em torno de R$ 700 mil. E líquida? São muitos descontos", lamenta o presidente Marcelo Paz. "Tem impostos, aluguel do estádio, despesas com o jogo, porcentagem da Federação e ainda temos 15% confiscados por dívidas trabalhistas. No cofre, deve entrar R$ 350 mil."

Nem sob tortura chinesa o presidente confirma, mas é o valor necessário para pagar um mês de salário ao treinador Rogério Ceni e à sua comissão, que tem Charles Hembert, o francês que estava com ele no São Paulo, Nelson Simões, auxiliar e Haroldo Lamounier, preparador de goleiros, que o treinou, São Paulo.

E fecha-se a equação. O Fortaleza, se vencer o Sampaio Corrêa, chegará a um aproveitamento de 91,7%, com 22 pontos em 24 possíveis. Até agora, tem seis vitórias e um empate, 16 gols a favor e quatro contra, com 90,5% de aproveitamento. O treinador trabalha bem, o time faz campanha histórica, o estádio lota e um jogo paga o salário do comandante.

Ele tem outros vencimentos. Ceni não usa o uniforme do clube, prefere traje social. Apenas enquanto não consegue um patrocinado próprio. Nos uniformes de treino, usa a logomarca da empresa Servis, do ramo de segurança. Refrigerantes Frevo não renovaram o contrato. Afinal, com tantos treinos fechados, a exposição não era muita. "O Fortaleza fica com uma parte dos patrocínios pessoais dele", diz Paz.

O presidente Paz acredita que a ida de Ceni ao Fortaleza levou o clube a um patamar diferente, saindo um pouco da exposição regional. "Somos um clube histórico, comemorando o centenário e estamos mostrando nossa marca por grande parte do Brasil. E o Ceni ajuda muito. Ele é um profissional sério, competente e que dá lucro ao clube.

A questão do sócio-torcedor, por exemplo. Quando, no final do ano, com o acesso após muitas tentativas frustradas, chegou-se a 7500 sócios. "Fizemos uma campanha para aumentar, o Ceni ajudou muito e já estamos com 19 mil. Ajuda muito".

E o que faz Rogério Ceni, que, convenhamos, nunca foi um candidato competitivo ao título de Mr. Simpatia no Ceará? Arrogância pura? "Rapaz, isso é um engano muito grande. Rogério se integrou muito aqui e ele sabe da importância de sua história. Imagina um jogador do interior do Ceará que via o homem na televisão e agora vê ali na frente. E o Rogério vai, cumprimenta, abraça. É uma emoção grande para a moça da".

O jornalista Breno Rebouças confirma. " Houve um lance contra o CRB em que os jogadores reclamavam muito. O Ceni foi falar com eles. Eles pararam para ouvir. Discordaram, mas pararam para escutar. O pessoal da bola tem um respeito muito grande com ele".

Mas a tal unanimidade, algo tão fugaz no futebol brasileiro, não existia no Cearense. O Fortaleza ficou em segundo, mas não conseguiu vencer o campeão Ceará. Três derrotas e um empate. O grito de burro, por que não?, chegou a ser ouvido. As maiores críticas eram por conta das constantes substituições e da mudança de esquema, ora com linha de três, ora com quatro.

Tudo mudou com a subida de rendimento de Derley, homem de confiança do treinador e com a chegada de Jean Patrick, do Novorizontino, e Dodô, do Botafogo de Ribeirão Preto, todos para o meio-campo.  "Foram ótimas contratações, vieram para arrumar o time. Rogério não precisou mudar mais nada".

O Fortaleza jogava com Edinho aberto na direita e Osvaldo na esquerda e Gustagol, que está fazendo muitos gols, no meio do ataque. Osvaldo saiu e Marlon, que é um jogador técnico e de pouca velocidade, chegou. O time mudou um pouco, mas agora foram contratados os pontas Marcinho e Minho. "O Marcinho tinha uma concorrência muito grande e o Ceni telefonou para ele. Foi importante. Além disso, todo jogador sabe que aqui o salário não atrasa. Nem salário e nem direito de imagem", fala o presidente.

O torcedor do Fortaleza anda feliz demais da conta. O do Ceará, cabisbaixo. Nada que alegre Marcelo Paz. "Brincadeira é saudável, mas isso é para torcedor. Eu não me envolvo. Queria ver o clássico cearense na Série A, lotando o Castelão".

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.