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Morte ao 4-2-3-1, samba de uma nota só

Menon

25/03/2013 18h56

No final da Copa de 2006, a Itália foi campeã com a seguinte escalação: Buffon, Zambrotta, Cannavaro, Materazzi, Grosso, Gattuso, Pirlo,  Camoranesi (Del Piero), Perrotta (De Rossi), Totti (Iaquinta) e Toni. A França veio com Barthez, Sagnol, Thuram, Gallas e Abidal; Vieira e Makelelê; Malouda, Zidane e Ribery e Henry

 A Itália terminou o jogo com Del Piero, Iaquinta e Toni no ataque. Na semifinal, uma vitória incrível contra a anfitria Alemanha, a Itália jogou com Buffon, Zambrotta, Cannavaro, Materazzi, Grosso, Gattuso, Pirlo, Camoranesi (Iaquinta), Perrotta (Del Piero), Totti, Toni (Gilardino). Eram três  no ataque – Iaquinta, Del Piero, Toni e mais o meia Totti.

Escalações ofensivas da Itália, sempre conhecida pelo estilo defensivo. Foi campeã. E o que fizeram os treinadores brasileiros. Correram para suas pranchetinhas e imitaram a …..França, vice-campeã.

O 4-2-3-1 virou uma febre. Todo mundo, no Brasil, passou a jogar assim. O futebol brasileiro virou um samba de uma nota só. Até as escalações são dadas assim, mesmo quando o time não está no 4-2-3-1. Outro dia, os jornais escalaram o Sao Paulo nesse esquema, com Ademílson e Wallyson como se fossem meias. 

Eu não gosto desse esquema. Acho uma praga. Temos um meia centralizado e outros dois abertos, um pela esquerda e outro pela direita. Na prática, eu não gosto.

1) – Muitos técnicos brasileiros escalam jogadores rápidos como meias. É o caso de Neymar. É o caso de Lucas. São jogadores de velocidade, de progressão, jogadores que ficam no mano-a-mano e resolvem a situação. Tocam a bola e vão atrás dela. Nesse esquema, eles voltam para ajudar na marcação. Ficam presos, perdem a explosão.

2) Com os meias abertos, não há, sei lá porque, a ultrapassagem dos laterais. Ficam atrás, apenas marcando.

Então, o Brasil perde duas caracteristicas de seu futebol. Uma delas, técnica, que é o drible. A inventividade, a velocidade. A outra, tática, que é a passagem dos laterais. Essa projeção que Cláudio Coutinho chamava de overlaping lá em 1978, cadê, acabou.

Como foi o gol do Brasil contra a Rússia?

Hulk, jogando como ponta, deslocou-se para o meio e tocou na ponta para Marcelo, o lateral que se projetou. Ele cruzou para a área e Fred marcou.

Foi um gol no estilo brasileiro, longe do 4-2-3-1. Com ponta, com ultrapassagem.

Eu acho o 4-2-2-2 o melhor esquema. Muito simétrico, com um zagueiro mais forte e outro mais técnico, um volante de pegada e outro de saida, um meia clássico e outro mais agressivo, um atacante de lado e um centroavante.  E os laterais, subindo ao ataque alternadamente.

Hoje, em dia, isso parece pecado. Foi substituído pelo 4-2-3-1 da moda. Modinha.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.