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Mauro Beting conta a Joelmir Beting a saga do Palmeiras-2013

Menon

01/04/2013 18h35

Joelmir Beting, morto em 29/11/2012, foi um dos jornalistas mais importantes – e mais reconhecidos – da moderna imprensa brasileira. Traduziu o "economês" para o cidadão comum.  Era também um palmeirense fanático. Não abandonou seu time na segunda divisão, em 2003 e não o abandonaria em 2013. Iria a todos os jogos.

Como não é possível, será devidamente informado de tudo o que ocorrer por Mauro Beting, seu filho, através do livro "Palmeiras, um caso de amor de filho para pai", que já está sendo escrito e será lançado assim que se confirmar o acesso do clube. De preferência om um título, para o velho Joelmir.

Mauro, que está debruçado no capítulo que conta a incrível derrota por 6 a 2 para o Mirassol, ainda não definiu uma formatação para as cartas. Sabe, por exemplo, que elas devem se iniciar com uma data e um horário e uma saudação que não será única. "Vou falar por exemplo que perdemos por 6 a 2 para o Mirassol e não para o Mirasol United", brinca. "Vai ter muito ô, pai e oi Babo, que é como eu o chamava. Vai ter também o oi, vô porque meu filho Gabriel, de 11 anos e que escreve muito bem participará comigo. Não será uma saudação única, vai mudar sempre".

Mauro vai também apresentar  Joelmir a Silvana, com quem se casará em maio. "Ela só viu meu pai um dia antes da morte, quando ele já estava em coma irreversível. Queria falar antes, mas Joelmir era vaidoso e não quis ser visto no hospital. Vou falar dos filhos da Silvana, vou falar das coisas que estão acontecendo no Brasil. Esse livro será uma terapia para mim".

Joelmir será devidamente informado que Fernando Prass foi agredido na Argentina, após a derrota para o Tigre e tudo o mais – de bom e de ruim que acontecer com o Palmeiras. "Os jogos da Série B serão especiais.  Cada um vai merecer um capítulo", diz Mauro.

Quem ler o livro saberá detalhes sobre os últimos dias da relação de amor entre Mauro e Joelmir.  Ao contar o que se passa com o Palmeiras, Mauro lembrará ao pai como foram aqueles dias de novembro. "Até hoje, não sei se ele soube que o Palmeiras caiu. A queda foi sacramentada no dia 19 de novembro e ele sofreu o AVE (acidente vascular encefálico) no dia 26. Morreu no dia 29. Quando a médica disse que ele estava rebaixado, referindo-se à situação de saúde, eu falei que o rebaixamento tinha sido na semana anterior. Acho que ela não entendeu bem".

O livro relembrará os últimos trabalhos de Joelmir: o prefácio para um livro de fotos do goleiro Marcos, do fotógrafo César Greco e a narração do texto "Palmeiras, minha vida é você', que Mauro fez para a Adidas, comemorando o título da Copa do Brasil. "Foi um sucesso enorme, com mais de 2 milhões de acessos, um viral incrível."

E há o texto que não foi escrito. "A Folha havia encomendado um texto para ele falando sobre a queda. Não deu tempo. Aí, a missão ficou para o Clóvis Rossi, que escreveu aquilo lá, dizendo que agora era torcedor do Barcelona. Com meu pai era assim. Ele podia ser enganado, chifrado, humilhado pelo Palmeiras que não mudaria nunca. Estaria ao lado de seu amor".

O último passeio de Joelmir? Foi na Arena Palestra, com os netos. O primeiro susto com o futebol?  "Ele tinha 13 anos em 1951 e estava ouvindo a semifinal da Copa Rio. O Vasco pressionava muito e, de tão nervoso, teve uma crise de apendicite. "

Joelmir se achava pé frio, não gostava de ver os jogos, preferia ouvir Mozart. Joelmir inventou o termo "gol de placa" e abandonou o jornalismo esportivo por não conseguir manter a imparcialidade em jogos de seu clube.

Tudo será lembrado no bate papo entre pai e filho, impresso, encadernado e nas melhores livrarias no final do ano. Uma catarse para quem ficou. Uma emoção que será comparada, Mauro sabe, àquele jogo na Vila, logo após a morte de Joelmir, quando o Palmeiras entrou com todos os jogadores usando a camisa 10 e o nome do pai escrito nas costas. E com a placa que recebeu de Neymar.

"Aquele dia me derrubou. Foi muito intenso. Conversando com o Marcos, comentei que não conseguia me lembrar do que falei para o Neymar e do que o Neymar falou para mim. E o Marcos respondeu bem vindo ao meu mundo. Passei a vida inteira saindo do campo e falando besteira para os repórteres, de tão nervoso que estava".

Mauro tem certeza que o Babo vai rir muito ao ouvir essa história.

VEJA O VÍDEO COM A ÚLTIMA NARRAÇÃO DE JOELMIR BETING

http://youtu.be/y2EdKjfbK8g

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.